A era da dessalinização

Em 2008, Israel estava à beira de uma catástrofe. Uma década de seca fez baixar a níveis alarmantes a sua maior fonte de água potável, o Mar da Galileia, quase tornando-o irrecuperável. Uma série de restrições para o uso da água foram tomadas e muitos agricultores perderam toda a colheita. O efeito na vizinha Síria foi ainda pior. Após furarem e secarem poços cada vez mais profundos de até 500 metros, a agricultura entrou em colapso e mais de um milhão de agricultores abandonaram suas terras à procura de trabalho nos arredores das grandes cidades. O problema se espalhou por todo o Oriente Médio atingindo Iran, Iraque e Jordânia, preconizando a próxima motivação para mais conflitos armados.

Essa história, contada na última edição da revista Scientific American, aponta a luz no fim do túnel. A nova usina de dessalinização de Sorek, com água do Mediterrâneo, a maior do mundo em osmose reversa, usando um avanço dessa tecnologia, fez com que Israel produzisse agora mais água do que precisa. Uma série de medidas para economia e reuso de água, quando o país atingiu incríveis 86% de reciclagem(o segundo em reciclagem é a Espanha com 19%), não foi suficiente, exigindo todo esse esforço tecnológico. Processos anteriores eram imensos consumidores de energia, mas o custo de dessalinização é agora um terço do que era em 1990 e Sorek produz mil litros de água por 58 centavos de dólar. As residências em Israel pagam 30 dólares por mês pela água, valor equivalente à maioria das cidades nos Estados Unidos. O Mar da Galileia está mais cheio e a agricultura em Israel vai muito bem. Segundo a Associação Internacional de dessalinização, mais de 300 milhões de pessoas vivem no mundo com água dessalinizada e seis usinas como a de Sorek estão sendo implantadas por ano! Conclusão da revista: a era da dessalinização chegou.

Agora Israel e Jordânia constroem uma usina ainda mais ambiciosa no Mar Vermelho, onde dividem fronteira, que vai abastecer de água israelenses, jordanianos e palestinos. Um canal de 100 milhas levará água para o Mar Morto que vinha perdendo um metro de água por ano desde a década de 1960. A partir de 2020, velhos inimigos estarão bebendo água da mesma fonte. Há esperança que uma diplomacia da água alivie tensões milenares da região, onde é motivo de grande stress.

Outro efeito, aproveitado por Israel – justo, diga-se – é levar a sua tecnologia de dessalinização para o mundo, assumindo a ponta tecnológica e de negócios da nova era e levando esperança a regiões ameaçadas de desertificação, como acontece aqui mesmo no norte do nosso estado.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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