As redes sociais passam a impressão que o país vive o seu pior momento de corrupção generalizada. Com atenção, vamos perceber que esse pior momento é pauta do passado e não do presente ou do futuro. Os grandes casos são de alguns anos atrás. Claro que casos novos ocorrem, a luta continua para evitar retrocessos, mas a dimensão mudou. Nunca o país passou por um processo tão abrangente contra a corrupção. Muitos já condenados e cumprindo penas. Muitos outros na fila. Ações periódicas da Lava Jato e de outras operações com delações premiadas, prisões, buscas e apreensões acontecem todas as semanas. A prisão em 2ª instância e o fim do foro privilegiado assustam os larápios. Novas legislações restringem muito as oportunidades de corrupção: a lei da ficha limpa, a lei de transparência(obriga os órgãos públicos a publicar tudo), a lei anticorrupção(introduz a punição ao corruptor) e a lei das estatais(que proíbe políticos em cargos de estatais). Acordos internacionais praticamente acabaram com contas secretas em paraísos fiscais e com a profissão de doleiro no Brasil. Sintomática foi a descoberta de 51 milhões em dinheiro em um apartamento, que em outras épocas estariam em contas secretas. Também foi reduzido o valor para saque em dinheiro vivo na boca do caixa. Empresas implantaram sistemas de compliance, com medo de quebrar como as grandes empreiteiras e foi proibida a doação de empresas para campanhas políticas. Fundamental também é a atuação da imprensa investigativa.
Apesar disso, muitos ainda deliram que só se resolveria a corrupção com intervenção militar ou com algum salvador da pátria, que chicotearia os corruptos e, num passe de mágica, exterminaria a corrupção. A democracia está resolvendo, com suas instituições, criticáveis muitas vezes – merecidamente -, mas com um avanço extraordinário sobre a impunidade.
As duas tentativas de eleger presidentes com discursos centrados no combate à corrupção deram n´água: Jânio com a vassoura em 1960 e Collor, com os marajás, 29 anos depois, em 1989. Um acabou em renúncia e outro em impeachment, justamente por corrupção. Agora em 2018, cabalisticamente também 29 anos depois, corremos o mesmo risco. O estrangulamento da corrupção está contratado, mas ainda centraliza a pauta oportunista de candidatos populistas.
Chega de retrovisor. O grande problema atual do país, que deveria centrar os programas dos presidenciáveis, está no destravamento da economia com as reformas cruciais, principalmente da previdência, para poder crescer e acabar com o desemprego e o drama social de 13 milhões de pessoas.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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