Por que as nações fracassam é o título do best seller dos economistas Daron Acemoglu do MIT e James Robinson de Harvard onde procuram explicar porque alguns países dão certo e outros não. É comum atribuirmos à colonização portuguesa ou espanhola o atraso da América Latina, lamentando que não tenhamos sido colonizados por ingleses ou holandeses. Basta observar o que aconteceu com Gana ou Índia, colonizada por ingleses ou Suriname e Indonésia por holandeses ou ainda a África do Sul por ambos para perceber que o lamento não procede. A grande diferença de fato se dá no modo com que os países desenvolvem instituições extrativistas(concentradoras de poder e renda) ou inclusivas ao longo da sua história. Enquanto os espanhóis e portugueses iniciavam a conquista da América a partir de 1490, a Inglaterra era uma potência econômica menor que se recuperava dos efeitos de uma guerra civil. Apenas em 1588, a improvável vitória sobre a armada espanhola fez com que a Inglaterra, de forma retardatária, partisse para montar um império colonial. A opção pela América do Norte deu-se porque era o que estava disponível e as primeiras tentativas de repetir o modelo espanhol, aprisionando chefes indígenas, utilizando o poder das armas de fogo e dos cavalos que esses povos desconheciam, exigindo ouro em troca e escravizando a população não deu certo porque não existiam essas riquezas ali e a densidade populacional era 500 vezes menor que as enormes cidades incas e astecas.
A única opção para uma colônia economicamente viável foi criar instituições que dessem aos colonos incentivos para investir e trabalhar com dedicação. A concessão de um pedaço de terra e a existência de muitos proprietários levou a que, em 1619, fosse introduzida uma Assembleia Geral que deu voz a cada homem adulto nas leis e instituições que regiam a colônia. Era o início da democracia nos Estados Unidos. Várias tentativas das elites inglesas de criar instituições semelhantes às espanholas fracassaram e em 1720 todas as 13 colônias que viriam a ser os Estados Unidos dispunham de estruturas de governo semelhantes. Não se pode estranhar que uma constituição democrática tenha aparecido primeiro nos Estados Unidos e não no México, Brasil ou Peru, embora ainda legitimando a escravidão. Mesmo depois da independência, a América Latina manteve as instituições extrativistas com as elites locais, enquanto os Estados Unidos cresciam com empreendedorismo, a possibilidade de ascensão social pela destruição criativa e a inovação. Resta recuperarmos o tempo perdido.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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