As quatro incompetências

É impressionante a lista de incompetências do governo.

Primeiramente a incompetência econômica, ao manter a inflação no teto da meta por tempo excessivo, em um país com forte memória inflacionária.  Também ao tentar derrubar os juros na marra para ter de recuar depois e ampliar o crédito muito além do razoável, subsidiando juros nos bancos públicos e onerando o tesouro irresponsavelmente. Para segurar a inflação, ao congelar o preço da gasolina, contribuiu para o estrago na Petrobras e no etanol, um programa de energia alternativa elogiado em todo o mundo. Por fim, a invenção da Nova Matriz Econômica, que mudaria todo o conhecimento existente sobre economia. Consequência: inflação e desemprego.

Em segundo, a incompetência política, ao não aproveitar os momentos de popularidade alta para fazer as reformas que evitariam o voo de galinha. Reformas da previdência, tributária, trabalhista e política  que não são feitas também por puro oportunismo e falta de coragem de contrariar uma base sindical e social que não têm o menor conhecimento de como funciona uma economia. Além da inabilidade de lidar com o Congresso, onde a única maneira encontrada foi com mensalões.

Em terceiro, a incompetência gerencial onde obras não chegam ao fim, como a Transnordestina, o Comperj, Angra 3 ou a transposição do São Francisco e muitas obras do PAC que ficam empacadas. Licitações sem projeto, que são interrompidas, divergências nas instâncias responsáveis por meio ambiente e loteamento e esvaziamento das agências reguladoras explicam um pouco. Pior é na área de energia, supostamente a área de conhecimento da Presidente, onde uma grande trapalhada, com anúncio eleitoreiro, transformou redução de contas de energia em grande aumento. Por fim, o estilo amedrontador e autossuficiente da Presidente, completamente ultrapassado nas práticas modernas de gestão.

Em quarto lugar, a incompetência por ideologia. Nos mandatos de Lula e Dilma ouviu-se mais falar em negócios e visitas à Cuba do que aos Estados Unidos, o maior mercado do mundo. E o que é Cuba? Apenas o inexpressivo símbolo político de uma época que passou. Por ideologia ocorreu uma mudança da lei do petróleo que paralisou por cinco anos as rodadas da ANP, criando uma descontinuidade que provocou um desastre na cadeia do petróleo, responsável por 12% do PIB. Por ideologia também atrasou-se as concessões de infraestrutura, em embates com o mercado sobre as taxas de retorno dos projetos.

Sem contar a corrupção. Chega! Como dizia Stanislaw Ponte Preta,”há pessoas tão inábeis que sua ausência preenche uma lacuna”.

Evandro Milet

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos

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