Está em desenvolvimento no sul do Espírito Santo o projeto do maior porto indústria do Brasil. Os capixabas desconfiam, porque estão calejados com anúncios de projetos “powerpoint”, que nunca se materializam. Entretanto, dois motivos levam a acreditar que não procedem as dúvidas nesse caso. Primeiro, o projeto será feito por etapas, com terminais e áreas que se viabilizem comercialmente e não de uma vez.
Segundo, porque o projeto é inteiramente privado, capitaneado por uma grande empresa nacional de origem capixaba, a Polimix, uma das maiores empresas de concreto e cimento do país, entre outros negócios, em sociedade com o maior porto da Europa, o Porto de Roterdã na Holanda, que não vai acreditar em conto da carochinha e nem cair em conto do vigário.
Trata-se de um investimento literalmente concreto, onde a conexão com Roterdã garante uma excelência operacional inédita no Brasil e a participação em uma rede internacional de portos, idealizada pelos holandeses.
A área, em Presidente Kennedy, tem algumas vantagens que facilitam o licenciamento ambiental. A Praia das Neves não é ponto turístico especial, a cidade fica a 16 km da costa, não havendo impacto significativo para pessoas, fauna ou flora e a área em torno é um imenso vazio, podendo abrigar grandes empreendimentos industriais e logísticos.
Um porto desse porte traz para o Espírito Santo a possibilidade concreta(de novo) de se tornar destino de cargas vindas do agronegócio do centro-oeste, como alternativa para Santos e Paranaguá, sempre sobrecarregados, minérios de Minas(além da Vale e Samarco), além de outros tipos de operações como granéis líquidos, contêineres, tancagem, bases de supply para petróleo e estaleiros.
Definitivamente não é um projeto simples de tirar do papel e seria fundamental que toda a sociedade se unisse para viabilizá-lo, pelo impacto para a economia do sul do estado, carente de um projeto estruturante, mas também pela repercussão para toda a economia do estado pela possibilidade de atração de negócios. O governo estadual apoia institucionalmente a viabilização da ferrovia Vitória-Rio(em processo de concessão e já com investidores interessados), que potencializa o porto. Poderia ir além, com a Suppin investindo em um distrito industrial com retorno multiplicado na venda de áreas.
O Porto Central será, concretamente, o grande porto de águas profundas do Estado, com calado de mais de 23 metros, capaz de receber os grandes navios que não entram no Porto de Vitória. Vamos parar de perder tempo discutindo projetos alternativos sonhadores e apoiar um projeto concreto.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos
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