Em seu conto “O Aleph” de 1949 Jorge Luis Borges relata o dia em que viu, no porão de uma casa nos arredores de Buenos Aires, o Aleph, uma esfera furta-cor de dois ou três centímetros de diâmetro onde se concentravam todos os pontos do universo, todos os rostos, todos os lugares, todas as coisas. Depois disso, onde andasse, tudo lhe parecia familiar. Depois ele mesmo explicaria: “O que a eternidade é para o tempo, o Aleph é para o espaço”.
Parece que a ficção fantástica vira realidade e qualquer um hoje pode ver, não em uma esfera, mas em uma tela plana de poucos centímetros de um smartphone, todas os rostos nas redes sociais, todos os lugares no Google Earth com Street View e todas as coisas com os mecanismos de busca e a proliferação do big data.
E a realidade supera a ficção porque não apenas vemos tudo, mas também nos comunicamos com todos e não precisamos ir a um porão, quer dizer, a não ser para tentar pegar o difícil sinal da operadora, enquanto a próxima geração da internet das coisas permitirá que os objetos se comuniquem entre si com base nos sensores que estarão em todos os lugares.
Mas o que é big data? Segundo a IBM, todos os dias criamos 2,5 quintilhões de bytes de dados – tanto que 90% dos dados hoje existentes no mundo foram criados nos últimos dois anos. Esses dados vêm de muitas fontes: sensores de todo tipo, fotos e vídeos de internet e de todas as câmeras de vigilância, registros de transações financeiras e de compras, registros médicos, sinais de GPS, gravação de vozes, posts de mídias sociais, emails, impostos pagos e processos judiciais entre inúmeras outras, enfim tudo que possa interessar aos espiões do Obama.
Um recente relatório da empresa de consultoria McKinsey elege cinco oportunidades capazes de virar o jogo para o crescimento dos Estados Unidos: gás de xisto, mercado de bens intensivos em conhecimento, crescente investimento em infraestrutura, um efetivo sistema de desenvolvimento de talentos pela educação e o potencial do big data analytics de aumentar a produtividade.
A capacidade de analisar e cruzar esse imenso conjunto de dados exige novos perfis profissionais e abre imensas oportunidades para a biologia e a medicina, previsões de desastres naturais, exploração de petróleo, detecção de fraudes, serviços governamentais, estratégias de marketing e sobretudo, para o bem e para o mal, um amplo conhecimento sobre os hábitos, desejos e comportamento de cada pessoa.
Qualquer planejamento de empresas ou governos para os próximos anos deverá dar a atenção adequada a esse novo tema.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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