A Gazeta
22/08/2012
Evandro Milet
O setor metal-mecânico teve um forte desenvolvimento no Espírito Santo a partir da implantação dos grandes projetos e do movimento capitaneado por essas grandes empresas para criar uma rede de fornecedores locais onde antes só existia a economia do café. Manutenção de equipamentos, gerenciamento de paradas de fábricas, caldeiraria e montagem industrial são competências consagradas hoje no Estado onde algumas pequenas empresas com não mais de 20 anos de existência se transformaram em robustas concorrentes disputando com sucesso grandes contratos pelo país afora em siderurgia, celulose, mineração e agora também no setor de petróleo.
O modelo de negócios, baseado em baixo conteúdo tecnológico, se esgotou, estrangulado pela concorrência de preços baixos em serviços comoditizados. O setor precisa dar um salto tecnológico para encontrar novos mercados com melhores margens e menor competição. A grande oportunidade que se apresenta está no setor de petróleo e gás. Calcula-se em 420 bilhões de dólares os investimentos a serem feitos nesse setor até 2020. Esse é um número extraordinário, e a exigência de conteúdo nacional para os equipamentos fica em torno de 60%.
O que fazer então para dar o salto? Entrar no mercado de produção de peças e equipamentos seriados para a indústria do petróleo. Como? Investindo em tecnologia, contratando engenheiros de produtos (dificílimo no Brasil), comprando software e hardware próprios, fazendo parcerias com universidades, apresentando projetos para as agências financiadoras, incubando projetos em incubadoras com ambiente tecnológico, enfim, dando uma guinada no modo como as coisas sempre foram feitas.
A Onip está contribuindo com esse ambiente ao desenvolver o conceito de plataformas tecnológicas – Platec – onde vários tipos de equipamentos como barcos de apoio, plataformas e sondas de perfuração são desmembrados nos seus sistemas principais facilitando a visualização de oportunidades. Em workshops específicos esse desmembramento é apresentado para empresários convidados com potencial para produzir esses componentes e assessorados para a participação em consórcios tecnológicos e de produção e para apoio financeiro pela Finep.
A Onip organiza com o estaleiro Jurong – que venceu licitação para a construção de sete sondas –, com o apoio da Findes, Sindifer e outros parceiros, um Platec no Espírito Santo que pode ser um ponto de virada da metal-mecânica capixaba para um novo ciclo baseado no desenvolvimento de produtos com conteúdo tecnológico.
Evandro Milet
É superintendente regional da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip)
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