Novo mapa logístico

O novo pacote de concessões de ferrovias e rodovias do Governo Federal traz excelentes notícias para o Espírito Santo. Duas dessas ferrovias vão dar uma nova dimensão à economia capixaba. Estão na prioridade, com previsão de licitação e contratação até setembro de 2013(!), os trechos que vem de Lucas do Rio Verde em Mato Grosso até Campos no Rio de Janeiro passando por Uruaçu em Goiás e Corinto em Minas Gerais e o trecho Vitória–Campos-Rio ( que com uma pequena pressão pode chegar a Linhares).

Alguns duvidam da viabilidade ou desconfiam dos prazos, mas por incrível que pareça para os capixabas céticos, o modelo traz novidades que permitem acreditar que vão de fato acontecer.

Não existem problemas de viabilidade porque o Governo Federal já decidiu que vai licitá-las, contratando a capacidade integral dessas ferrovias e fazendo depois oferta pública dessa capacidade e assumindo o risco. Vai também financiar até 80% da construção através do BNDES com juros baixos (TJLP + até 1%), carência de 5 anos e 25 de amortização. Ora, então não existe praticamente nenhum risco para o investidor e a possibilidade de uma licitação dar deserta é quase nula. E com a vantagem de operar com o novo conceito de ferrovia aberta, onde operadores logísticos independentes ou proprietários de cargas poderão compartilhar essa infraestrutura com suas próprias composições de locomotivas e vagões.

Uma ferrovia que trará cargas do Centro-Oeste (com estudos para chegar ao Pacífico), atravessando a Ferrovia Norte-Sul, passando pela região de minério de ferro em Minas Gerais e se conectando com a Vitória-Rio em Campos possibilitará um novo corredor para grãos e minérios, alternativo a menos extensa Vitória-Minas e colocando o Espírito Santo na nova malha integrada de bitola larga que vai cortar o país em todos os sentidos.

Os vários projetos de portos no Estado podem se beneficiar, a começar do ambicioso Porto Central em Presidente Kennedy – que rivaliza em dimensão com o Porto de Açu – em sociedade com o Porto de Rotterdam, maior da Europa. Esse projeto, com o conceito de porto-indústria e com essas ferrovias, tem potencial para transformar o sul do estado com o tempo.

Se considerarmos também esses muitos projetos de novos portos e a ampliação dos antigos no Estado, a duplicação da BR-262 que também está no pacote, a própria Vitória-Minas e todos os minerodutos operando e em projeto trazendo minério de Minas Gerais, já podemos devolver a brincadeira dos mineiros quando afirmam que o Espírito Santo é a praia de Minas. Agora podemos dizer que Minas é que será a retroárea do Espírito Santo.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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