A Chave do futuro

A Gazeta

28/09/2011

Evandro Milet

Perguntado sobre se tinha feito pesquisa de mercado para conceber o iPad, Steve Jobs respondeu: “Não cabe ao consumidor saber o que quer”. No mesmo tom Henry Ford disse que, se eu tivesse perguntado o que as pessoas queriam, eles teriam dito “cavalos mais velozes”.
Algumas empresas vivem do passado, outras tentam sobreviver no presente, poucas tentam se antecipar imaginando o futuro, as mais precavidas procuram se preparar para qualquer futuro que vier, porém, o sucesso tem privilegiado as que criam o futuro.

A Apple protagonizou os casos mais notórios quando escorregou do mundo dos computadores para o mundo da música com o iPod, quando criou um novo modelo de negócios para a comercialização de músicas com o iTunes, atingindo a indústria fonográfica, quando tumultuou o mercado de telefones deslocando os fabricantes estabelecidos com o iPhone e a venda de aplicativos e agora ocupando o novo espaço dos tablets com o iPad, avançando sobre netbooks e notebooks para tomar conta de um novo mercado.

É muito difícil fazer previsões sobre o futuro. A IBM, líder de mercado em computadores na década de 1980, foi pioneira e teve grande sucesso com o lançamento do PC, mas tomou uma decisão que influenciou fortemente o desdobramento de toda a indústria de TI. Até aquele momento ela era uma empresa totalmente verticalizada, fabricando dos chips ao sistema operacional e resolveu terceirizar esses dois componentes fundamentais do PC, contratando os chips da Intel e o sistema operacional DOS da Microsoft, empresas pequenas à época. Com isso criou dois monstros que a obrigaram posteriormente a modificar seu modelo de negócios de fabricante de computadores para provedor de serviços para conseguir sobreviver, o que fez com grande competência, aliás.

Bill Gates, no início da década de 1990, desdenhou o papel da internet e quase perde o bonde. Novos atores surgem a toda hora criando futuro, muitas vezes jovens empreendedores em uma cultura que aceita o fracasso como parte do processo de criação, sem demonizá-lo, aliada a uma disponibilidade de talentos bem formados e uma estrutura de fundos de capital de risco que propicia um ambiente de negócios difícil de equiparar.

Nem todos os ramos de negócio passam por transformações radicais com a velocidade daquelas diretamente atingidas pelas tecnologias de informação e comunicação. Todos porém se preparem porque a TI é espaçosa e ocupa lugar central na inovação de processos, produtos e modelos de negócios.

Evandro Milet é mestre em informática pela PUC-RJ e ex-diretor da Finep

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