As startups DeepTech são empresas baseadas em uma descoberta científica ou inovação significativa de engenharia. Envolvem risco tecnológico e P&D significativos, mas são fundamentais para enfrentar os grandes desafios da humanidade. As empresas DeepTech têm o potencial de provocar mudanças disruptivas, estabelecer novas indústrias e perturbar as existentes. Tecnologias de ponta como a IA, a energia solar, os veículos elétricos, os veículos autônomos, a biotecnologia, a produção 4.0, os satélites, a robótica, o IoT , a modelagem 3D, os gêmeos digitais, a nanotecnologia, a engenharia genética, a fotônica, a ciência dos materiais, a computação quântica, os drones, a microeletrônica e a visão computacional têm o potencial de abrir novos caminhos para o crescimento econômico, a redução das desigualdades sociais e a sustentabilidade ambiental no mundo.
Esta modalidade, que está impactando o mercado de forma crescente, surgiu como conceito em 2014 pela social media indiana Swati Chaturvedi, com o objetivo de diferenciar empresas de “tecnologia profunda” das startups de internet, apps e comércio eletrônico. Foi definido da seguinte forma: “As empresas de tecnologia profunda são construídas sobre bases tangíveis de descobertas científicas ou inovações de engenharia. Elas estão tentando resolver grandes problemas que realmente afetam o mundo ao redor delas. Por exemplo, um novo dispositivo médico ou técnica de combate ao câncer, captura e análise de dados para ajudar os agricultores a cultivar mais alimentos ou uma solução de energia limpa tentando diminuir o impacto humano nas alterações climáticas.”
As startups digitais tradicionais se concentram no produto ou inovação do modelo de negócios com menores custos e maior velocidade para entrar no mercado. Deeptechs demandam mais recursos, mais tempo e mais riscos. Em compensação, resolvem problemas mais profundos.
As deep techs já movimentam um mercado relevante e possuem perspectivas importantes de crescimento. De acordo com o Meeting the Challenges of Deep Tech Investing, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), o ecossistema de deep techs pode atrair de R$ 695 bilhões (US$ 140 bi) a R$ 993 bilhões (US$ 200 bi) em investimentos até 2025.
Os países desenvolvidos estão bem à frente em deeptechs, até porque há necessidade de técnicos com excelente formação em quantidade, universidades de ponta, recursos para P&D e inovação e investidores dispostos a maiores riscos. Mas temos problemas que eles não têm e precisamos resolvê-los na saúde, na pobreza, na segurança, na agricultura, na medicina, na logística, na educação, no trânsito, ou mesmo na nossa indústria, comércio e governo. E temos oportunidades que eles não dispõem no agronegócio, na biodiversidade, na diversidade da população, no clima, na geopolítica e que precisamos aproveitar. Muitos dos problemas eles não vão resolver por nós, e ainda levam os nossos técnicos de alto nível.
É fundamental a educação básica, envolvendo fortemente o que se denomina STEAM, da sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. E recursos para P&D, pesquisadores empreendedores e uma maneira de evitar a fuga de cérebros.
Um pedaço do fundo soberano poderia apoiar um novo fundo para deeptechs, considerando a pouca disponibilidade ainda de investidores privados, os custos mais altos, os riscos tecnológicos e o alto impacto dos casos de sucesso.
Publicado no Portal ES360 em 03/12/2023