Economia criativa é lazer, emprego, PIB – e faz bem à alma

Na abertura das Olimpíadas em 2012 em Londres, a Rainha Elizabeth desceu de paraquedas no estádio, ao lado de James Bond, o agente britânico 007. Claro que foi uma encenação com dublês dela e do ator inglês Daniel Craig, que fazia o papel do agente na ocasião. Mas não foi simplesmente uma performance para entreter e impressionar a plateia mundial que assistia. Tem business por trás.

A economia criativa concorre com 6% do PIB e 7% dos empregos na Inglaterra, e o cinema é boa parte disso, assim como a música. Certamente é a explicação para os títulos de Sir dados a Paul McCartney, Ringo Starr(John Lennon e George Harrison morreram antes de serem condecorados certamente), Elton John, Mick Jagger, Anthony Hopkins, Sean Connery e Charles Chaplin, entre outras celebridades britânicas.

A criatividade sempre foi o ponto de partida para grandes inovações ao longo da história da humanidade e emprega muita gente. Se você permanecer sentado na sala de cinema após a conclusão do filme, verá uma lista interminável de nomes que participaram do  projeto.

O termo “economia criativa” pode ser definido como o setor da economia que tem o capital intelectual – ou seja, a capacidade criativa – como a principal matéria-prima na produção de bens e serviços.

Em 2010, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) criou a seguinte classificação para as indústrias criativas:

  • Espaços culturais: sítios arqueológicos, museus, bibliotecas, exposições
  • Expressões culturais tradicionais: artes e artesanato, festas, celebrações
  • Artes cênicas: música, teatro, dança, ópera, circo, fantoches
  • Artes visuais: pintura, escultura, fotografia
  • Audiovisuais: cinema, televisão, rádio e outros derivados da radiodifusão
  • Editoração e mídia impressa: livros, imprensa e outras publicações
  • Novas mídias: softwares, videogames, conteúdos criativos digitalizados
  • Serviços criativos: arquitetura, publicidade, pesquisa e desenvolvimento, atividades culturais e recreativas
  • Design: interiores, gráfico, moda, jóias, brinquedos

Enquanto no Brasil muitos ainda encaram políticas de incentivo cultural como desperdício de dinheiro público, muitos países intensificam seus esforços para aumentar a produção local de audiovisual e de cultura em geral, com seus desdobramentos em emprego, turismo e imagem internacional.

Não precisa muito para lembrarmos de Hollywood, da moda francesa, do design italiano, do balé russo, dos museus europeus e americanos, das pirâmides do Egito, de Machu Picchu, do Vale do Silício, da Arena de Verona, de Oxford e Harvard, da Disneyworld, do Scala de Milão, do Prêmio Nobel, dos grandes shows de música, do Cirque du Soleil, das premiações do Oscar e Grammy, dos musicais da Broadway, da Netflix e de inúmeros outros destaques da economia criativa.

Além de empregar muitas pessoas, gerar divisas de exportação e impostos, a economia criativa pode contribuir para o que se denomina “soft power” de um país, gerando respeito, admiração, turismo e até simpatia na ocupação de espaços no relacionamento internacional.

Também não ficamos fora da economia criativa com a bossa nova, o Carnaval, as novelas, Rock in Rio, Niemeyer e Sebastião Salgado, apesar do pouco caso com inúmeras outras possibilidades Brasil afora, porém sem reconhecimento internacional.

A indústria criativa passou a representar 2,9% do PIB brasileiro em 2020, totalizando R$ 217,4 bilhões, em comparação com 2,6% em 2017. Este é o maior valor já registrado pelo setor desde o início do mapeamento, realizado pela Firjan desde 2004, quando registrou 2,1%.

Temos que valorizar mais esse caminho.

 

Publicada em 16/10/2022 no Portal ES360

https://es360.com.br/economia-criativa-e-lazer-emprego-pib-e-faz-bem-a-alma/