Com dimensão nacional, a Mec Show deu um show em 2022

Interrompida na forma presencial em 2020 e 2021, a Mecshow – Feira da Metalmecânica + Inovação Industrial, ressurgiu nesta semana maior do que todos os eventos dos seus 15 anos. O estacionamento lembrava a Disneyworld em período de férias escolares. Exagero? Com certeza, mas tinha muito automóvel estacionado, mesmo em época de Uber.

A feira adquiriu uma dimensão nacional, ultrapassando a dimensão regional anterior e impressionando positivamente visitantes e muitos expositores de fora, que participaram pela primeira vez. 

Vitrine da competência das empresas de metalmecânica do Espírito Santo, a Mecshow  pode contribuir muito para um novo salto dos fornecedores capixabas.

O setor metalmecânico é dividido em empresas de fabricação de estruturas metálicas, caldeiraria, componentes e equipamentos, além de serviços de montagem eletromecânica e manutenção industrial. O faturamento das empresas fora do estado do ES passou de 28% em 2011 para 58% em 2021, mostrando a competitividade dos fornecedores e a visão estratégica de ampliação de mercado.

Os investimentos previstos no país para os anos de 2022 a 2026, para os setores de Papel e Celulose, Siderurgia, Mineração e Óleo e Gás, somam mais de R$ 450 bilhões, sendo que destes, mais de R$ 400 bilhões são Capex e R$ 50 bilhões para as compras de rotina (Opex). Os investimentos mapeados no Estado para os próximos 5 anos, em Capex e Opex, somam mais de R$ 66 Bilhões, para os setores de infraestrutura(portos, ferrovias, saneamento, terminais logísticos), energia, mineração, siderurgia, papel e celulose, petróleo e gás e indústria em geral.

A capacidade de atender essas grandes demandas está clara nos estandes da Mecshow 2022. O setor metalmecânico, entretanto, excelente na prestação de serviços, necessita dar um salto na direção de fabricação de produtos seriados, até como forma de diversificação e melhor administração de fluxos de caixa. 

Como exemplo importante de como fazer isso, podemos citar que o Fórum capixaba de petróleo e gás, aqui no Espírito Santo, há algum tempo, organizou um processo, em conjunto com a Petrobras, para identificar oportunidades para a fabricação local de peças e componentes, a localização de possíveis fornecedores locais e o acompanhamento do desenvolvimento desses produtos. 

Alguns dos produtos nascidos ali estão no mercado com sucesso, como a bomba de fundo, o tubo de alta eficiência térmica e o centralizador de poço feitos pela Etinov(antiga Tecvix), o sistema de checagem de fundo de poço da Qualimec e o reparo definitivo em tubulações da Endserv. Alguns desses projetos propiciaram o registro de várias novas patentes e foram apoiados dentro de universidades. Inovação não é só produtos para internet. 

Inovar em mecânica, materiais, peças e equipamentos turbinam novas linhas industriais com demanda nacional e internacional. O domínio do projeto, da engenharia básica e da capacidade de inovar são fundamentais para gerar novas riquezas. 

É fundamental retomar a dinâmica desse processo que já contava com outros demandantes como Shell e Equinor. Esses produtos foram feitos para a produção de petróleo onshore, onde existe alta demanda internacional de mercado, mas as empresas adquiriram competência para o offshore também. 

Como fazer essa nova estratégia de domínio de projeto e fabricação de produtos seriados se as empresas, muitas delas de médio e pequeno porte, não dispõem de capital, gente e tempo para se dedicar à uma mudança tão forte de tecnologia de produção?

Existem novos caminhos à disposição, no Espírito Santo, a serem explorados. A MCI- Mobilização Capixaba pela Inovação oferece recursos não-reembolsáveis do Funcitec, o Sebrae tem programas que subsidiam em até 80% muitas atividades, o Funses, com recursos do fundo soberano, entra de sócio em projetos inovadores, a rede Embrapii apoia projetos, o Senai oferece uma estrutura nacional de apoio com seus institutos, as universidades estão sempre abertas a projetos de parceria, as grandes empresas participam ativamente de projetos de inovação aberta e os vários hubs de inovação está aí para articular parcerias.

O CDMEC – Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico organiza um escritório de projetos para apoiar os seus 100 associados nessa captação de recursos. 

A MecShow 2023 certamente mostrará esses avanços e deverá ser ainda maior que a de 2022.

 

Publicado em A Gazeta em 06/08/2022

 

https://www.agazeta.com.br/colunas/evandro-milet/com-dimensao-nacional-a-mec-show-deu-um-show-em-2022-0822