Está no processo final de decisão a escolha, pelo Bandes, da gestora que administrará o Fundo de Investimento em Participação (FIP), vinculado ao Fundo Soberano instituído pelo Governo do estado. O FIP inicia a operação com 250 milhões de reais, um dos maiores fundos de private equity do país, especializado em inovação. O edital preconiza um fundo multiestratégia, isto é, vai apoiar empresas inovadoras em vários estágios de desenvolvimento, desde a inicial até empresas mais consolidadas. A condição é que estejam no Espírito Santo ou que tenham sede aqui e estejam investindo em outra região.
Dezesseis empresas gestoras se apresentaram e seis foram selecionadas no primeiro filtro e disputam agora a indicação.
A gestora selecionada terá um papel importante em todo o processo, sendo responsável pela análise das empresas, valoração, negociação, investimento, aceleração e desinvestimento. Como normal, após a análise, negociação e diligências, o Fundo adquire um percentual de suas ações, ou seja, o FIP prospecta empresas e entra como sócio acionista por um período determinado.
Além do investimento, a gestora deve agregar capacidade de gestão e governança, de forma a preparar a empresa para crescer, se valorizar e ser negociada por um valor bastante superior, rendendo lucro para o fundo e multiplicando a capacidade de investimento do fundo soberano com o tempo.
É importante que essa gestora tenha não só a expertise financeira, mas também o network para conectar a empresa com outras empresas e outros ecossistemas, um conjunto de mentores para apoiar as empresas na orientação de crescimento, uma experiência em lidar com empresas de tecnologia e inovação e um currículo de negócios de venda de empresas desse tipo, inclusive com apoio à internacionalização.
O ecossistema de inovação do Espírito Santo não teria, de imediato, uma quantidade de empresas com as características exigidas por esse modelo. Busca-se empresas com capacidade de ter receitas recorrentes e uma perspectiva de escalabilidade, isto é, crescimento bem rápido e com forte pegada tecnológica. A gestora deverá, portanto, trabalhar para ajudar na geração dessas empresas com eventos e articulações junto às universidades, incubadoras, aceleradoras, órgãos de fomento, grandes empresas e entidades do ecossistema, além de tentar atrair empresas de fora para se instalar aqui.
Falta também ao nosso estado a familiaridade com instrumentos sofisticados de investimentos, como esse, que se espalharam pelo mundo e pelos grandes centros do país.
Um importante desdobramento desse processo é a interação do nosso ecossistema com outros do país. Muitas vezes nos sentimos um pouco isolados, fora dos grandes eixos. Se a gestora escolhida tiver essas conexões será uma ótima oportunidade para transformar esse projeto inicial no embrião de um novo salto de desenvolvimento para o estado do Espírito Santo.
Publicado em A Gazeta em 25/09/2021