É mais fácil segurar um louco que empurrar um burro, diz Beto Sicupira, resumindo uma das estratégias de lidar com pessoas do trio formado com Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles e retratado no best seller de negócios “Sonho Grande”. Estima-se que, desde que o Banco Garantia, origem do grupo, foi fundado em 1971, de 200 a 300 pessoas que trabalharam nos diversos negócios do trio ganharam mais de 10 milhões de dólares cada.
O sucesso é inquestionável. Marcas nacionais e depois globais foram sendo sucessivamente incorporadas, incluindo Lojas Americanas, ALL, Brahma, Antartica depois Ambev, depois Inbev, Budweiser, Burger King e Heinz, já em uma parceria espantosa com o mega investidor Warren Buffet.
A maneira de lidar com pessoas é o pilar fundamental da estratégia: tenha gente boa, dê a essas pessoas coisas grandes para fazer e sustente uma cultura meritocrática. Há um tipo de profissional que estão sempre farejando batizado com a sigla PSD: poor, smart, deep desire to get rich(pobre, inteligente, com grande desejo de enriquecer). Ter faca no dente e brilho no olho, vontade de trabalhar muito e estar dispostos a sacrificar a vida pessoal também são características esperadas dos candidatos. A compensação é uma política de bônus que faz milionários e oportunidades e desafios difíceis de conseguir em outros ambientes. A lógica é que as melhores pessoas anseiam pela meritocracia, enquanto as pessoas medíocres têm medo dela.
Faz parte dessa cultura estar sempre fazendo novos negócios grandes para gerar novas oportunidades e desafios para o pessoal e é melhor dar uma chance às pessoas talentosas(ainda que novatas) e sofrer algumas decepções no caminho do que não acreditar nelas. Inclui ainda um controle absoluto de custos, eliminação de mordomias, quebra de hierarquias rígidas, informalidade e metas individuais. Como eles dizem: “A cultura não é um apoio à estratégia; a cultura é a estratégia.” Respaldados nisso, jovens na faixa dos 30 anos são colocados no comando de empresas onde começam praticando as regras da cultura sem interferir no conteúdo até que consigam entender o negócio. Outro ponto importante: as inovações que criam valor são úteis, mas copiar o que funciona bem é mais prático. Assim foi feito em todas as aquisições onde o grupo partiu imediatamente para conhecer as melhores empresas do setor no mundo.
O modelo tem seus percalços, incluindo punições na justiça no Brasil por assédio moral, mas não há dúvida do sucesso que deve incluir novos e maiores desafios como o boato da possível compra da Coca-Cola em parceria com Warren Buffet.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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