Na cerimônia de premiação do Troféu iNO.VC Arcelor Mittal de Inovação Digital 2020, uma palestra de Sandro Valeri do Elo Group mostrou as características de um ecossistema de inovação e quais, no Brasil e no mundo, merecem essa denominação.
Os cinco principais elementos de um ecossistema de inovação, considerados normalmente, são: empreendedores, empresas, capital de risco, universidades e governo. Esses ambientes cobrem usualmente uma cidade ou uma região metropolitana. O palestrante enumerou os ambientes, no mundo que têm essa característica: Vale do Silício, Cingapura, Israel, Shenzhen e Boston. Nas suas andanças pelo mundo, porém notou que existe um sexto elemento nesses ecossistemas: senso de comunidade. Todos ajudam todos, têm predisposição para ajudar e têm facilidade de contato.
O Brasil ainda tem grande deficiência no que diz respeito à inovação, ficando classificado em 62º lugar no global innovation index. Porém, algumas cidades avançaram na formatação dos seus ecossistemas de inovação, embora não em todos os elementos. São Paulo é o mais forte pela presença marcante de universidades e empresas, mas falta o senso de comunidade. BH tem características parecidas. O Rio de Janeiro é o gigante adormecido, despertando agora com senso de comunidade e a chegada de capital de risco como também em São Paulo.
Na sua visão os dois ecossistemas mais maduros seriam Porto Digital em Recife, que tem os cinco elementos bem equilibrados e Florianópolis, cidade que consegue ter excelente senso de comunidade em um trabalho iniciado há mais de 30 anos. Realmente, quem já visitou o ecossistema de inovação em Florianópolis logo constatou uma linguagem comum entre empresas, governos e academia, bem como a facilidade de transitar entre os vários setores, evidenciando o senso de comunidade.
E o Espírito Santo, como fica nesse comparativo? Na opinião do palestrante, que atua profissionalmente no estado há algum tempo, chama a atenção o número de empresas existentes, o senso de comunidade onde todos se conhecem, e, para surpresa de muitos que criticam a formação de pessoas, a qualidade dos técnicos que saem daqui para São Paulo e dão show, para usar suas palavras. Que água vocês estão bebendo aqui no ES? pergunta ele.
A principal deficiência do nosso ecossistema seria quanto ao capital de risco, praticamente inexistente, que pode aumentar à medida que as startups de sucesso sejam negociadas e os empreendedores capitalizados invistam em novos projetos. A sugestão é de nos espelharmos em Santa Catarina no Brasil e Cingapura, cidade-estado com menos de seis milhões de habitantes, próximo dos nossos quatro milhões, com uma forte vocação para startups de comércio, um espelho para a nossa vocação logística. (Nesse caso, um caminho interessante a ser explorado seria uma ponte através do estaleiro Jurong, original de lá).
Só faltou falar no potencial do estado para atrair pessoas pela beleza e qualidade de vida.
Resta parabenizar a ArcelorMittal pela iniciativa e os contemplados na premiação, que representam bem esse ecossistema: FindesLab, Ifes(4 vezes), Vale, Suzano, TimeNow, AEVO, Frete Rápido, Picpay, Destine Já, Ufes e MCI(Mobilização Capixaba pela Inovação).
Publicado no Gazeta on line em 17/04/2021