O país inteiro sofre se ficamos em 2º lugar na Copa do Mundo, mas pouco se importa se ficamos entre 60º e 74º lugares entre 79 países na avaliação internacional PISA que mede o conhecimento de alunos de 15 anos em leitura, ciências e matemática. Muitos ainda se mobilizam com o lema “O petróleo é nosso”, mesmo com a sua perda de importância em pouco tempo. Nunca assumimos o lema “As crianças são nossas” ou “Educação é Progresso”. No século XX, isto era indecente, hoje é indecente e estúpido. São constatações de Cristovam Buarque, um pensador para quem educação é o vetor do progresso do país e não apenas um direito de cada pessoa.
Cristovam enumera os passos fundamentais para mudar a mentalidade em educação no Brasil. O primeiro é sair da acomodação de melhorar para o desafio de saltar. O segundo é definir duas metas: estarmos entre os cinco ou dez países com melhor educação no mundo e com educação de máxima qualidade para toda criança, independente da renda e do endereço. O terceiro é dispor de uma estratégia para atingir estas metas.
Grande esforço vem sendo feito por vários estados para disseminar as escolas de tempo integral no ensino fundamental e no ensino médio, principalmente a partir das experiências do Ceará e de Pernambuco, com forte apoio de instituições como Todos pela Educação e Fundação Lemann. Ótimas iniciativas como a escolha de diretores sem indicações políticas, a distribuição de parte do ICMS estadual proporcionalmente aos resultados do município na educação e valorização e treinamento dos professores. Mesmo assim, os estados disputam um campeonato nacional sem perspectiva de sucesso em um campeonato mundial. Talvez nos leve em 10 anos para o 50º lugar e em 20 anos para o 40º lugar no PISA.
Cristovam propõe saltar para ficar entre os cinco ou dez primeiros em 20 anos, que os melhores alunos queiram ser professores e uma campanha que mobilize toda a sociedade.
Ele tem uma estratégia, que passa por salários de R$15.000 para professores com uma carreira federal, substituição de frágeis sistemas municipais por um sistema federal descentralizado e um padrão nacional de qualidade nas edificações e equipamentos. E tudo custando razoáveis 6,6% do PIB. Vale a pena discutir e fazer contas. A ousadia e um grande impulso são fundamentais para pular esse abismo.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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