Tudo à distância

O Covid-19 deve acelerar um processo que vinha crescendo aos poucos. Grande parte das atividades do mundo tendiam a ser realizadas à distância, separando as pessoas dos equipamentos, serviços e de outras pessoas, intermediados pelo mundo digital.

Com a proliferação do vírus de forma exponencial, escolas são fechadas, empresas param produção, reuniões são suspensas, viagens desmarcadas, cinemas e teatros interrompem sessões, conferências são canceladas, festas desmarcadas, com reflexos devastadores na economia mundial.

Todos partem para tentar acelerar seus processos de operação à distância. Escolas e universidades ampliam a educação à distância, empresas liberam empregados para o home-office, reuniões passam a ser virtuais, o comércio de rua é trocado pelo eletrônico, seminários viram webinars, Netflix substitui cinemas, restaurantes ficam dependentes dos aplicativos.

Outras áreas também são impactadas. É a oportunidade para resolver o impasse medieval e corporativista que impede o crescimento da telemedicina e a operação offshore de poços de petróleo tende a ser feita de terra, sem gente embarcada.

Os bancos já operam muito à distância, mas as fintechs incomodam com uma operação mais desburocratizada e sem o custo fixo das agências. Em tempo de coronavírus, quem vai querer frequentar agências?

Nasce a nova civilização do álcool gel, onde a produção de maior fabricante brasileiro passa de 120.000 frascos por mês para 6 milhões em março, com ampliação de 50% da força de trabalho. É a velha história, enquanto uns choram outros vendem lenços.

É previsível que cresça a tecnologia da holografia, com reuniões de fantasmas digitais, nos fazendo acreditar nos teletransportes da ficção científica.

E se as eleições fossem agora? Como seriam as filas de votação? Talvez se acelerem as iniciativas de votação pela internet.

E as manifestações políticas? Algumas insufladas por políticos irresponsáveis ainda acontecem presencialmente, mas como se daria uma passeata digital, com tresloucados iletrados políticos pedindo AI-5 e intervenção militar? Com likes e emojis?

Dessa aliança do mundo digital com o álcool gel vai surgir um novo ambiente de tudo à distância, para o bem da produtividade e o mal da redução das interações humanas, infelizmente só para os que sobreviverem  a essa tragédia.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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