Durante muito tempo o Brasil adotou a política de substituição de importações e a proteção de mercado para vários setores e com vários métodos. E não foi só a famosa reserva de mercado para informática. Por que não havia grandes empreiteiras americanas, europeias e japonesas disputando grandes obras no Brasil? Por que os impostos sobre importações de automóveis são tão altos? Por que os grandes bancos internacionais têm ou tinham dificuldade de entrar no Brasil? Por que não podemos importar vários produtos se existirem similares nacionais, mesmo mais caros?
No fundo, temos receio da disputa, algumas vezes até com certa razão. Se os tributos internos são altos, se o custo de capital é alto com indecentes taxas de juros, se a burocracia é sufocante, realmente será difícil competir com produtos estrangeiros importados. Com a redução dos juros e a promessa de reforma tributária isso pode ser modificado.
Mas qual é a consequência dessa situação? Empresas que só conseguem disputar o mercado interno sem condições de exportação e produtos mais caros para o consumidor. Se você não disputa contra os melhores nunca vai ter produtividade para conquistar clientes fora do país, onde está 98% do mercado.
Grandes empresas nos mercados de commodities tem grande espaço, inclusive em condições de liderança de mercado lá fora, mas as oportunidades começam a surgir para as pequenas e médias. Recente reportagem de O Globo mostra 163 redes nacionais de franquia marcando presença em 107 países. Em vez de exportar, vão prestar o serviço lá fora, com os impostos e custo de capital de lá, igual aos outros. Restaurantes, escolas, cursos de línguas e o setor de moda estão indo por esse caminho. Exportadores tradicionais de café já atuam bastante fora do país. Outras capixabas estão se aventurando no exterior. ISH com atuação em serviços de nuvem e cibersegurança, Autoglass no mercado de seguros e oficinas, já estão no mundo onde circulam naturalmente as tradicionais importadoras fundapeanas. Pimpolho calçados, Frisa frigoríficos, Adcos cosméticos, Café Caramello são outras marcas capixabas de atuação internacional. Hoje existe a facilidade de se apresentar ao exterior por uma plataforma de marketplace como passo inicial de uma exportação e o Google tradutor para ajudar a comunicação.
Porém, se o Brasil quer exportar tem que importar também aquilo que não consegue fazer com qualidade e preço. O Ministro Paulo Guedes quer abrir o mercado de venda para o governo às empresas estrangeiras. Ótimo, vamos ter que aumentar produtividade para poder disputar o mercado de governos lá fora também. Tudo bem que a abertura não seja imediata, mas tem que ser o mais rápida possível. E com investimento pesado em ciência, tecnologia e inovação. Não cabe mais a acomodação de mercados garantidos. O importante é ser ousado.
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