A China e a inteligência artificial

Questionados sobre até que ponto a China está atrasada em relação ao Vale do Silício em  inteligência artificial(IA), alguns empreendedores chineses, na brincadeira, respondem “dezesseis horas” – a diferença de tempo entre a Califórnia e Pequim. É o que nos conta Kai-Fu Lee em seu livro Inteligência Artificial.

As tecnologias que balizaram as outras três revoluções industriais, a máquina a vapor, a eletricidade e os primeiros computadores levaram algumas gerações para impactarem a sociedade seja por proteção da tecnologia, seja porque demandavam grandes investimentos.  A quarta revolução pode ser transmitida instantaneamente entre continentes. O impacto na sociedade é rapidíssimo, eliminando empregos, transformando profissões ou criando novos serviços. Para essa nova eletricidade, baseada em IA, não há nada melhor que muitos dados. Quanto mais o sistema for exposto a exemplos de um fenômeno, mais precisamente poderá escolher padrões e identificar coisas no mundo real. Você preferiria ser atendido por um sistema médico de IA que foi alimentado com 10.000 dados ou com um milhão de dados? Essa superabundância de dados é uma das vantagens da China. Em 2016, os 20 milhões pedidos diários de comida on-line na China foram 10 vezes o total dos EUA. Os gastos com pagamento móvel superam os dos EUA em uma proporção de 50 para 1. As compras de comércio eletrônico são o dobro dos EUA , e a diferença está crescendo. Em bicicletas compartilhadas, a China lidera com 300 para 1. A Didi, que comprou a 99Taxi no Brasil, faz na China 4 vezes mais viagens que o total global da Uber.

A abundância de dados permite fazer inferências não percebidas e até inexplicáveis. Treinando seus algoritmos em milhões de empréstimos, a fintech chinesa Smart Finance descobriu milhares de características que estão correlacionadas com a credibilidade, mesmo que essas correlações não possam ser explicadas. A velocidade com que você digitou sua data de nascimento ou quanta bateria resta no seu celular pode sinalizar sobre sua capacidade de pagamento.

Dados são o novo petróleo, portanto não é de estranhar que a profissão de cientista de dados seja das mais promissoras. Esperamos que sejam usados para o bem.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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