Deepfakes, ou falsificações profundas, é a nova ameaça vinda das redes sociais. Softwares capazes de redigir textos de maneira autônoma, indistinguíveis daqueles escritos por pessoas, foram anunciados recentemente. A inteligência artificial se acopla às fakenews para produzir textos e vídeos(fakeviews) que podem provocar sérios problemas. Áudios podem ser fraudados. O sistema transforma a fala em dados e, por meio de algoritmos, clona a voz humana. Podem fazer você falar, com a sua voz, coisas que nunca disse. A situação é comparável ao Photoshop. Hoje, as pessoas sabem que fotos podem ser falsificadas. Logo logo a dúvida será com áudios e vídeos. A expressão “ver para crer” perderá força. Recentemente, circulou um vídeo onde, com toda o movimento de boca, Barack Obama dizia coisas como “Trump é um imbecil”. Imaginem o constrangimento pessoal ou até complicações políticas que isso pode provocar, como um general americano criticando o Alcorão, Trump falando impropérios sobre o Presidente chinês ou um aiatolá do Irã anunciando o lançamento de uma bomba atômica. Outro vídeo mostra o retrato da Mona Lisa falando coisas com movimentação da boca e da cabeça, expressando corretamente as palavras ditas. É muita perfeição! Até agora, a maior parte das deepfakes ainda são vídeos toscos em que o rosto de atrizes pornôs foi substituído pelo de mulheres famosas. A evolução das deepfakes, porém é exponencial, como todas as aplicações de inteligência artificial, e elas melhoram dia-a-dia. O problema não é o que existe, mas o que existirá muito em breve. “Não é que a verdade já não exista”, diz Lúcia Santaella, coordenadora do doutorado em tecnologias da inteligência da PUC-SP. “O problema é que ela já não importa.” Estudos indicam que, no Twitter, histórias falsas têm 70% mais chances de serem reproduzidas que as verdadeiras. Segundo pesquisas, havia de 29 milhões a 49 milhões de robôs no Twitter e 60 milhões no Facebook. Segundo Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Imagine então uma repetida 50.000 vezes pelos robôs que multiplicam postagens. As empresas tentam conter essa onda de deepfakes também com a inteligência artificial que deteta movimentos faciais, como no filme “Missão Impossível” com Tom Cruise. Mas não é fácil. Merece episódio da série Black Mirror. Afinal, nem todo mundo na internet é doido. Mas todo doido está na internet com suas teorias conspiratórias, delírios paranoicos e ódios ideológicos descontrolados, agora turbinados com novas e poderosas ferramentas.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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