O poder sob pressão

O Brasil mudou. E mudou porque os brasileiros chegaram ao limite de aceitar corrupção, incompetência, desperdício do dinheiro público, burocracia, mordomias, falta de transparência, privilégios, impunidade, insegurança, populismos e manipulações da verdade, embora cada um se ache dono dela. O que o brasileiro discutia e opinava na restrita roda de amigos foi, de forma avassaladora para as ruas em 2013, explodiu nas redes sociais e, como o mar de lama do rompimento de uma barragem, desaguou nas eleições. Se alguns ainda têm bandidos ou incompetentes de estimação, se preparem porque a maré vira rapidamente, não há apoios eternos. A gota d’água pode ser 20 centavos de aumento, uma grave falcatrua ou a simples constatação de incompetência. As manifestações ainda são tumultuadas, com acusações recíprocas, guerras de fake news, postagens de ódio, sectarismos, justificativas inacreditáveis e gurus sem noção. Mas essa época surrealista, com gente acreditando que a Terra é plana e vacina faz mal, vai passar.

O movimento aconteceu na política, mas se reflete em toda a sociedade. ONGs fajutas, maus prestadores de serviço, funcionários públicos relapsos, instituições administradas por profissionais despreparados, sem metas e indicadores para avaliar resultados ou gestores perpétuos, tudo passa a ser questionado por quem paga a conta.

Por qualquer nome que for chamado, seja cidadão, contribuinte, cliente, paciente, cooperado, segurado, usuário, ouvinte, telespectador, leitor, assinante, associado, sindicalizado ou eleitor, todos querem ser bem tratados, com cortesia, informação correta, presteza, austeridade, atenção, preço justo, assertividade ou competência, o que couber.

A população não quer mais aceitar conchavos, panelinhas, boquinhas, subterfúgios, protelações, pistolões, favorecimentos, descaso, negligências, vendas de sentença judiciais ou carteiradas.

Mesmo nas empresas privadas, compliance e transparência são exigências da visão moderna de governança corporativa, bem como a pressão do mercado e dos próprios empregados por propósito, meritocracia, ética, diversidade e a rejeição forte aos assédios moral e sexual.

Todos com algum poder nas mãos serão cada vez mais questionados e cobrados. Todas as políticas públicas têm que ser avaliadas. Todas as instituições, públicas ou privadas, devem trabalhar com indicadores, entregar resultados, se comparar com os melhores do mundo e praticar a responsabilidade social e ambiental.

E que cada um de nós reflita se está praticando tudo isso na própria vida pessoal e profissional, antes de cobrar dos outros.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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