Maldito aparelhinho

O smartphone passou a ser um item indispensável na vida de quase todo mundo porque substituiu um bocado de coisas que usávamos, além de inventar outras. Até serve de telefone de vez em quando, embora a garotada praticamente tenha mudado para o zap e só tecla, não fala. Estudo recente revelou que os usuários olham para seus dispositivos em média 150 vezes por dia. E olham para conferir chegada de mensagens, ouvir música, checar agenda, conferir horário, colocar alarme, jogar, tirar fotos, selfies e postar, usar as redes sociais, pesquisar no Google, ler textos, jornais e livros, ver vídeos, comprar, pagar contas, consultar saldo, pedir comida, chamar Uber ou V1, pagar estacionamento, comprar passagem, reservar hotel, acertar itinerários, verificar a bateria e até falar no telefone. Não é de estranhar que comecem a surgir problemas: de coluna, por olhar a tela com o pescoço curvado, irritação na vista, acidentes de trânsito ou atropelamentos. Mas outras situações beiram o ridículo. Pesquisas mostraram que muitos entram em pânico ao ver a carga do celular quase no fim e já pediram alguma coisa em um bar ou restaurante só para poderem usar a tomada do estabelecimento. O termo utilizado para esse tipo de comportamento é síndrome da bateria baixa. Outra é a síndrome da vibração fantasma, onde se tem a nítida sensação falsa que o celular está vibrando no bolso. Já foi até batizada como nomofobia a compulsão caracterizada pelo medo irracional de ficar isolado e desconectado do mundo virtual, com sintomas semelhantes aos da síndrome de abstinência de drogas como álcool e cigarro.

Outras situações podem não ser tão graves mas preocupam. O que dizer do corretor ortográfico? Ajuda a completar frases mais rápido, mas às vezes cria situações complicadas e embaraçosas, como nesse diálogo: “Vem aqui em casa amanhã / Não posso, vou estar no Cio / Melhor ainda / No Rioooo. Rio de Janeiro, Idiota.” Pode ser que o corretor seja um corretor lacaniano, que pega pela palavra significante e se antecipa a um desejo oculto. Ou serve para gerar conflitos desnecessários como esse outro diálogo: “Amor, onde você ta que não chegou aqui ainda? / Perai amor, passei aqui na casa do Pedro para comer umas piranhas. Tá tendo churrasco / É O QUE F**** da P***???PRA COMER O QUE???? / EITA, PICANHAS*****PICANHAS AMOR, JURO QUE SÓ TEM RAPAZ.” Já vi muita gente indignada:”Como é que eu desligo essa joça?” Mas pode ser útil para corrigir as barbaridades que a turma escreve pensando ser português.

Enfim vamos ter que acostumar, não tem mais como fugir desse maldito aparelhinho.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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