Em recente visita ao eficiente ecossistema de inovação de Florianópolis percebemos algumas características que fundamentam essa estrutura. Uma linguagem comum falada por governo e iniciativa privada, uma universidade atuante, um braço privado com raiz acadêmica que é a Fundação Certi, uma instituição gestora de ambientes de desenvolvimento, a ACATE, o espírito empreendedor no ar e iniciativas exitosas de parques tecnológicos. A Prefeitura desenvolve um projeto de experimentação de tecnologias no centro da cidade, na linha de cidades inteligentes, envolvendo startups locais, aceitando inclusive forasteiros como a Sigmais capixaba e os seus sensores de internet das coisas. Para surpresa nossa, a prefeitura hoje arrecada mais impostos com o ecossistema do que com o turismo e suas hordas de argentinos. Ouvimos que muitos técnicos se mudam para a cidade, vindos de outros estados, pela qualidade de vida e a beleza da paisagem, fugindo de ambientes urbanos inóspitos e caros, mesmo ganhando menos.
Essas verdades confirmam a ideia ainda pouco aceita e entendida no meio político, que um ecossistema de inovação, fundamento de uma economia do conhecimento, deixou de ser exótico e marginal para o desenvolvimento. Secretarias de desenvolvimento cuidam de indústrias tradicionais, mesmo que necessárias e importantes, enquanto o mundo do empreendedorismo associado ao conhecimento disputa verbas nas politicamente desprezadas secretarias de ciência e tecnologia que, embora incorporando inovação ao título, ainda olham mais as universidades que os empreendedores. Fora alguns grupos acadêmicos visionários, a maioria dos professores nas universidades federais mantém restrições ideológicas às empresas privadas, amarrados às avaliações acadêmicas que exigem publicações em revistas conceituadas e desprezam patentes ou empreendimentos privados de base tecnológica. Prefeitos ainda olham esse tema meio de lado, coisa esotérica que não dá voto, diferentemente da avançada Floripa.
O Espírito Santo é um estado pequeno como Santa Catarina, tem escolaridade acima da média nacional e salários do setor de tecnologia mais baixos que nos grandes centros. Vitória tem boa qualidade de vida, razoáveis segurança e mobilidade e, como Floripa(até mais, segundo os bairristas), belezas naturais com capacidade de atrair e encantar profissionais de outros estados. E porque não tentar fazer de Vitória uma porta de entrada no Brasil de startups de outros países? O Chile montou programa de atração de startups estrangeiras com sucesso. Não é sonho, se for tratado profissionalmente.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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