Durante muitos anos no Brasil, quem tinha recursos investia em imóveis ou deixava na renda fíxa para aproveitar os juros sempre altos e acima da inflação. Alguns sonhadores arriscavam montar negócios, onde muitos sobreviviam à custa de caixa 2 e sonegações diversas, driblando a justiça trabalhista, a burocracia e o manicômio tributário ou se endividando. Os maiores montaram uma estrutura de incentivos, subsídios ou barreiras à importação que garantiam a sobrevivência, mas ficavam restritos ao mercado interno, sem condições de competir no mercado global e jogando a conta dos preços altos para o consumidor.
Esse capitalismo torto e improdutivo fez o Estado crescer permanentemente, sufocando a iniciativa privada, isolando o país do comércio internacional que explodia com a globalização, enquanto a produtividade caía, a inflação subia e a corrupção crescia. Tudo errado. Perdemos muito tempo. O país investiu nas coisas erradas, principalmente deixando para trás a educação que catapultou EUA, Japão, Coreia e agora a China.
Uma hora a conta chega. E chegou chegando, pegando o país gastando mais do que arrecadava, com uma dívida interna alta e crescente, a maior parte não com os banqueiros internacionais como os desavisados imaginam, mas com os nossos fundos de renda fixa, previdência, pensão ou tesouro direto.
O governo Temer teve o mérito de dar uma arrumada na bagunça das finanças públicas, reduzindo a inflação e os juros e tirando esqueletos dos armários, Falta fazer o principal, a começar pela reforma da previdência.
Enquanto isso, quem quer investir encontra um mercado imobiliário parado, comércio tradicional parado, juros bancários que mal cobrem a inflação e começam a procurar alternativas que vão desaguar no que os americanos já descobriram há tempos: o mundo das startups, com seus ganhos estratosféricos e riscos relevantes.
Logo aprendem que têm que investir em dez negócios, onde seis não vão dar certo, dois vão empatar, um irá bem e outro pode bombar. Esses neófitos começam a tatear no ecossistema onde pontificam startupeiros e mentores em coworkings, incubadoras e aceleradoras, investidores anjos, fundos de seed money e venture capital. É fácil se perder nesse meio e entrar em roubadas digitais, mas vale a pena arriscar com os parceiros certos. As empresas de maior valor no mundo surgiram assim. Mesmo que não virem unicórnios, faturando um bilhão de dólares, podem trazer retornos excelentes como já aconteceu, mesmo no Brasil.
Se as reformas da economia vingarem, pode ser o embrião de um capitalismo sadio e inovador que o país nunca desfrutou.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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