“O envelhecimento é algo codificado no DNA e, se algo está codificado, é possível descobrir seu segredo” afirma o médico sul-coreano Joon Yun, que comanda o Palo Alto Investors, fundo americano de investimentos de 1 bilhão de dólares. Muitas startups pelo mundo procuram a fórmula de acabar com o envelhecimento ou estender a vida humana indefinidamente. Os investimentos em startups de biotecnologia especializadas em saúde humana chegaram a 9 bilhões de dólares em 2017, e mais 2,8 bilhões apenas nos dois primeiros meses deste ano, segundo reportagem da revista Exame. Para essas startups, a morte é um cadeado com um segredo, com milhões ou bilhões de combinações, a ser descoberto.
O mercado de produtos e tratamentos de beleza devem alcançar 288 bilhões de dólares no mundo em 2018. Porém mais do que cremes para rugas ou botox, os consumidores querem soluções para problemas do envelhecimento. Certamente esse mercado se tornará maior do que qualquer outro.
No seu novo livro “21 lições para o século 21”, Yuval Harari, autor dos best-sellers Sapiens e Homo Deus, mostra o impacto da revolução tecnológica no corpo humano e a possível explosão maior da desigualdade pelo acesso à essas tecnologias. Enquanto até agora os mais ricos só compravam status, logo serão capazes de comprar a própria vida. Se os novos tratamentos para prolongar a vida e aprimorar habilidades físicas e cognitivas forem caros, o gênero humano poderia se dividir em castas biológicas. Até agora uma pessoa rica não é mais talentosa que um favelado – sua superioridade é devida apenas a uma discriminação legal e econômica injusta(ou à alimentação recebida na infância). Se o dinheiro puder comprar corpos e cérebros incrementados, em 2100 os ricos poderão ser mais talentosos, mais criativos e mais inteligentes do que os moradores de favelas. O 1% mais rico poderia possuir não apenas a maior parte da riqueza do mundo mas também a maior parte da beleza, da criatividade e da saúde. Os dois processos juntos – a bioengenharia e a Inteligência artificial – e mais a possível previsão de extinção em massa de empregos menos sofisticados, poderão portanto, resultar na divisão da humanidade em uma pequena classe de super-humanos e uma imensa subclasse de Homo Sapiens inúteis. Como completa Harari: “talvez no século 21 as revoltas populares sejam dirigidas não contra uma elite econômica que explora pessoas, mas contra a elite econômica que já não precisa delas. […]É muito mais difícil lutar contra a irrelevância do que contra a exploração”.
As distopias cinematográficas não fariam melhor.
Sobre o autor:Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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