Quem já passou pelo susto de uma arremetida de pouso, quando o avião se aproxima da pista para aterrissar e faz o movimento brusco, assustador, provocado por uma tempestade, vai entender o que o avião em pane da economia brasileira já precisava fazer, e agora mais ainda com a tempestade que se forma na pista da economia internacional. A guerra comercial entre Estados Unidos e China pode agravar-se e a maioria dos analistas considera que a economia internacional entrou em desaceleração. Segundo o Fed(Banco Central dos EUA), deve ocorrer uma queda progressiva do crescimento daquele país de 3,1% em 2018 para 1,8% em 2021, o que impactaria certamente os países com muito relacionamento com a economia americana. Um indicador dessa queda é a redução da taxa de crescimento do movimento de transporte marítimo de containers, por onde transitam 80% do comércio mundial. Além da guerra comercial entre China e EUA, a elevação das taxas de juros da economia norte americana e a instabilidade do preço do petróleo, que pode aumentar, ameaçam o crescimento da economia mundial. Há também um fenômeno novo provocado pela transformação digital. Apesar do baixo nível de desemprego nos EUA, os salários não tem subido pela falta de qualificação dos trabalhadores para o novo mundo digital, afetando o crescimento do consumo nos EUA.
Enquanto isso o avião em pane da economia brasileira carrega problemas históricos. Entre 1945 e 1980, a renda per capita brasileira cresceu 3,5% ao ano. Entre 1980 e 2017, a taxa média de crescimento da renda per capita foi de insignificantes 0,7% ao ano, quase um décimo da taxa chinesa no mesmo período.
Em 1980, no governo militar, a inflação anual subiu para três dígitos, o que só foi interrompido em 1994, com o Plano Real. Desde 1980, o Brasil consolidou a democracia, controlou a inflação histórica e melhorou indicadores sociais, como mortalidade infantil, pobreza e distribuição de renda(e caiu novamente com Dilma). Mas não cresceu, enquanto outros países cresceram muito.
O descaso histórico com a educação, o desanimador ambiente de negócios, o déficit da previdência, o manicômio tributário, o corporativismo, a corrupção e os erros na economia travam o aumento de produtividade e amarram uma bota de chumbo nos pés do país, impedindo o crescimento. Mesmo que o país volte a crescer, estima-se que o PIB perdeu 16% que poderia ter crescido no desastrado governo Dilma.
O avião em pane precisa arremeter e a economia crescer com força apesar da tempestade na pista. Será que vai dar? As reformas passam? Haja turbulência! Apertem os cintos!
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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