Nós vivemos como caçadores e coletores mais de 90% da nossa história. Nessa época remota passávamos apenas dez a vinte horas por semana caçando e coletando os alimentos necessários para sobreviver. Os coletores, em geral mulheres, respondiam por 80% a 90% do esforço e da produção. Os caçadores forneciam principalmente uma proteína extra. É portanto ancestral a maior capacidade do homem em avaliar distâncias, pela necessidade de calcular a distância até a presa. Em compensação as mulheres são melhores em avaliar os arredores imediatos porque precisavam escolher melhor o que coletavam. Um tomate ou um cogumelo não podiam sair correndo, mas elas precisavam saber avaliar detalhes como o grau de amadurecimento, cor e formato para saber se o ítem era comestível, estragado ou venenoso. O caçador precisava apenas ser rápido na caça. Ele não tinha tempo para avaliar nuances. Uma vez abatido o animal, os caçadores precisavam carregá-lo e chegar logo em casa, já que a presa fresca e eles mesmos eram alvos atraentes para outros predadores.
Qual a semelhança desses comportamentos com a maneira como homens e mulheres fazem compras hoje? Scott Galloway faz a comparação em “Os Quatro”, como introdução à estratégia da Amazon. As mulheres tocam o tecido para sentir a textura, experimentam os sapatos para ver se combinam com o vestido, pedem para ver os ítens em cores diferentes, e às vezes não levam nada. Portanto amigos, não adianta se desesperar: a coisa é ancestral e está gravada no cérebro delas. Os homens, por outro lado, veem algo capaz de matar a sua fome, o abatem(compram) e voltam para a caverna(casa) o mais rápido possível.
Uma pesquisa com 2.000 pessoas na Inglaterra, feita em 2013, revelou que os homens ficam entediados depois de 26 minutos fazendo compras, e as mulheres só depois de duas horas. A pesquisa mostrou que 80% dos homens não gostam de fazer compras com suas parceiras e que 45% evitam isso completamente – apesar dos riscos. Quase metade das saídas para compras de um casal acaba em discussão, com os homens irritados, porque eles compraram logo o que queriam, enquanto as parceiras continuavam olhando e demorando para tomar decisões.
Portanto, a abordagem de homens e mulheres, seja no comércio de rua ou shopping, seja no comércio eletrônico, deve ser feita levando esses aspectos em consideração. Os sites de comércio eletrônico para homens devem prover uma navegação clara por categorias de produtos e os das mulheres devem vender uma emoção e permitir nuances e detalhes. Afinal, está gravado no nosso DNA desde o tempo das cavernas.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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