Antifrágil e os cisnes negros

No seu livro “A Lógica do Cisne Negro”, Nassim Taleb apresentou o problema do Cisne Negro (animal que se considerava inexistente até ser visto, pela primeira vez, na Austrália, no século XVII), como ele batizou um evento com três características: é imprevisível, ocasiona resultados impactantes e, após sua ocorrência sentimos como se pudéssemos tê-los previstos, pois são retrospectivamente explicáveis. Podem ser negativos ou positivos. Taleb considera que a história foi muito moldada por esses eventos. São cisnes negros a derrubada das torres gêmeas, a crise financeira de 2007/8, a queda do Muro de Berlim, desastres naturais, a internet, o iPhone, a Aids, a China capitalista, assim como  a morte de Tancredo Neves, a Lava Jato, a crise política de 2014 ou a derrota de 7 x 1 para a Alemanha. Em função dessa imprevisibilidade, em seu novo livro ‘Antifrágil” Taleb propõe reduzir a abrangência de predições e gerenciamento de riscos e procurar eliminar a fragilidade das coisas. Mas não existe uma palavra para designar o oposto de frágil. Taleb propõe chamá-lo de antifrágil. Não é resiliência ou robustez. O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor. Algumas coisas se beneficiam dos impactos; elas prosperam e crescem quando são expostas à volatilidade, ao acaso, à desordem e aos agentes estressores, e apreciam a aventura, o risco e a incerteza.

A antifragilidade é uma propriedade de todos aqueles sistemas naturais e complexos que sobreviveram, como a própria natureza. Privá-los de volatilidade, aleatoriedade e agentes estressores os prejudicará. Eles enfraquecerão, morrerão ou serão destruídos. Ele mostra que viemos fragilizando a economia, nossa saúde, a vida política, a educação e quase tudo, ao suprimir a aleatoriedade e a volatilidade. O conceito vale para pais superprotetores, para tomar remédios desnecessários, para valorizar ditaduras no lugar de democracias ou para o processo de inovação que depende mais de assumir riscos e de tentativa e erro do que da educação formal, defende Taleb. Exalta os empreendedores que se arriscam e, mesmo fracassados, deveriam ser tratados como os soldados(não existe soldado fracassado). Critica a neomania, nossa ilusão de tentar prever o futuro, considerando os cisnes negros e o número de interações no sistema complexo em que vivemos, tendendo ao infinito e desmentindo sistematicamente nossas previsões.

Em um estilo muitas vezes demolidor e com tiradas divertidas, não alivia críticas à figuras conhecidas de todas as áreas, chamados de fragilistas. Leitura imperdível.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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