Duas visões equivocadas estão em alta nas pesquisas eleitorais. Uma delas, aparentemente sustentada por pessoas com pouca percepção de política, acredita que corrupção e segurança são os maiores problemas do país e que alguém com um discurso agressivo e voluntarioso será a solução.
A outra visão carrega mais na economia e a miopia é considerar que equilíbrio fiscal prejudica os pobres, que existe uma grande conspiração internacional contra o país, que pode-se distribuir sem gerar riqueza, ou que governos geram riqueza.
Com ares de salvacionismo redentor, as duas caem no mais perigoso populismo, onde o que importa é falar, com ênfase, o que o povo quer ouvir, com frases de efeito, analogias futebolísticas, adjetivos rebuscados e propostas inexequíveis.
Vejamos os temas. Corrupção é um sério problema, deve ser atacado com modificação de legislação, justiça e principalmente exemplo vindo de cima, mas não é o maior problema em valor. A segurança aflige a todos, principalmente os mais pobres que não têm recursos para se proteger, mas a solução é complexa, basta ver que o exército comanda uma intervenção no Rio e não tem o sucesso que propostas de candidatos insinuam como solução. O problema passa por inteligência, informação, tecnologia, justiça, presídios, aparelhamento policial, fronteiras, portos, diplomacia com vizinhos produtores, ocupação social, emprego e educação. É muito rasteiro, irresponsável e desonesto falar em armar a população e colocar generais no comando como solução de um problema gravíssimo e complexo.
De outro lado, há uma interpretação errônea de que equilíbrio fiscal, combate à inflação e redução de dívida descuidam dos pobres. Pura ignorância! Quanto melhor se administrar a dívida pública e os gastos do governo, mais sobra para investimentos e maior a sinalização de confiança para os investidores geradores de empregos que gostam de estabilidade e boas perspectivas de futuro.
Outro pensamento esdrúxulo, verdadeira teoria da conspiração, afirma que os nossos problemas são criados pelo capitalismo financeiro internacional para nos dominar. Ora, quem não investiu em educação fomos nós, nós investimos em rodovias no lugar do ferrovias, nós criamos o manicômio tributário, nós deixamos o governo ficar com 36% do PIB, nós criamos a legislação trabalhista e a burocracia sufocantes, nós criamos o ambiente de negócios inóspito.
A solução da pobreza é o crescimento e temos de escolher quem tenha experiência e seja capaz de implementar as ações necessárias. O mais é conversa rasteira ou míope, da qual podemos nos arrepender amargamente.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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