Em meados da década de 1990, quando a internet começou a se popularizar, havia a ideia de que ela não deveria ser comercial, suportando anúncios, por exemplo. Deveria ser mantida com a vocação original de uma rede de pesquisas. Aconteceu aí a primeira surpresa dos caminhos imprevisíveis para onde a evolução da rede nos leva. Nessa época, o avanço da tecnologia gerava previsões de que poderíamos ter centenas de canais de TV, cada uma especializada em um nicho de interesse. A dúvida era se haveria empresas para desenvolver tanto conteúdo. Não se imaginava que isso aconteceria não na TV, mas na internet, e que o conteúdo seria desenvolvido não por empresas produtoras, mas pelo público. O público que diante de uma TV era passivo passou a interagir com esse novo meio de maneiras surpreendentes. Quando a Wikipedia começou, muitos entenderam ser inviável uma enciclopédia atualizada pelo público. Isso fugia ao senso comum. Hoje a Wikipedia tem muito mais verbetes e com muito mais precisão do que qualquer das enciclopédias antes existentes e que sucumbiram.
Há alguns poucos anos conseguia-se até imaginar mapas no celular, mas não o Street View da Google, com imagens animadas de todas as ruas e nem o Waze, com avisos de engarrafamentos e tempos precisos para os trajetos a qualquer instante, atualizados pelos usuários. Serviços ainda por cima gratuitos.
Não dava também para prever que as pessoas se disporiam a colocar gratuitamente opinião sobre roteiros turísticos, hotéis e pousadas, a ponto de reduzir fortemente o mercado de guias turísticos e agências de viagem. Eram inimagináveis as plataformas que fizeram a revolução do comércio eletrônico, da busca de informações, do transporte individual, do acesso aos livros, às músicas e aos filmes, facilitando tremendamente a nossa vida.
Voluntários postam 65.000 vídeos por dia no YouTube, criam tutoriais para tirar dúvidas na utilização de equipamentos, criam blogs de todos os assuntos, mas também interagem, muitas vezes furiosamente, nas redes sociais..
As novas tecnologias não provocam apenas consequências óbvias, mas também criam novos serviços e novos hábitos sociais. É inimaginável qual será esse futuro com a disseminação da inteligência artificial, do blockchain, da computação quântica, do custo zero de memória, da conexão de todas as pessoas e todas as coisas e da inventividade dos criadores de startups. Que venham para o bem, como pretende a Singularity University, ao usar as tecnologias exponenciais para resolver os grandes problemas da humanidade e que acaba de criar um capítulo em Vitória.
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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