Rumo à irrelevância

Muitos artigos e livros sobre o futuro trazem uma visão distópica, onde não haveria mais empregos para todos. Mas não necessariamente será assim, se tomarmos as decisões corretas no tempo certo. Verdade que muitas profissões desaparecerão e mesmo as mais sofisticadas serão afetadas pela sofisticação maior da inteligência artificial.

O primeiro aspecto contrário ao cenário pessimista é a tendência do crescimento da gig economy, ou seja, a economia de bico, onde pessoas trabalharão em horários flexíveis, atividades temporárias ou por projetos. Alguns imaginam pessoas fazendo atividades variadas como motorista de Uber em alguns horários, entregador de compras em outros e minerador de criptomoedas nos intervalos. Podem também trabalhar como designer de logomarcas em uma plataforma especializada, operador de logística, comercializador em máquina de vendas ou mentor de startups em outro momento.

As tendências sociais trarão mais oportunidades como cuidador de idosos, personal trainer, professor de esportes, nutricionista, cirurgião plástico, produtor de orgânicos, trabalho em fábricas de material esportivo, construção e reforma de quadras esportivas e mil outras atividades. O mundo do entretenimento, do turismo, do lazer, da cultura e da educação, no que chamamos de economia criativa, trarão outras tantas oportunidades. Afinal, as pessoas buscarão mais vida saudável, viverão mais e terão mais tempo com o ganho proporcionado por tecnologias de mobilidade, por cidades inteligentes, por sistemas ultra rápidos de inteligência artificial, por robôs versáteis e comunicações instantâneas e disponíveis em qualquer lugar.

Porém a maior oportunidade aconteceria se conseguíssemos gerar trabalho ou ambiente empreendedor para os nossos jovens nos setores que transformam todos os outros e onde EUA, China, Alemanha, Coreia e Israel mais apostam e investem: a economia digital e a bioeconomia.

Por aqui, alguns empresários perceberam a importância desse novo mundo para os seus filhos e netos e se mobilizam, sem esperar pelo protagonismo de governos municipais. Uns pretendem transformar a Serra no maior polo tecnológico do Estado em 2020, outros investem tempo para articular a Vila Velha Criativa, começando pelo sítio histórico da Prainha. Enquanto isso, continua a pastosa e escorregadia saga para implantar o Parque Tecnológico de Vitória, que mentes atrasadas ainda insistem em transformar em parquinho, dividindo o pequeno espaço com residências no novo PDU.

Vitória parece ter acessos suicidas do futuro e uma irresistível atração pela irrelevância tecnológica.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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