Arnaldo Jabor contou certa vez a frase que um amigo teve que ouvir do filho adolescente: “Pai, você sabe tudo que já aconteceu, mas não sabe nada do que está acontecendo.” Embora os pais da geração Z(nascidos entre 1995 e 2010) estejam mais próximos dos filhos que aqueles de gerações anteriores, as transformações são muito rápidas, turbinadas pelo mundo digital com crescimento exponencial. É a geração que começa a entrar no mercado de trabalho completamente digitalizada, se informando na rede, acompanhando youtubers e suas postagens irreverentes e desestruturadas, rindo com o Porta dos Fundos, usando a TV só para ver as séries do Netflix e se encontrando nos rocks combinados pelo WhatsApp. Mas é uma geração também ligada em ética, diversidade, meio ambiente, voluntariado, contra preconceitos, discutindo alimentação vegana e querendo trabalhar em empresas que respeitem valores semelhantes aos seus. Eles pedem ambiente de trabalho informal, como aquele do Google, onde coexistem skates, bicicletas, puffs e animais de estimação e as informações são abertas. Mas tudo verdadeiro, sem maquiagem e associado a um propósito inspirador.
Aqueles que já estão na universidade se organizam em massa em empresas juniores(já são dezenas no Espírito Santo), prestando serviços a empresas com orientação de professores. Essa onda de empreendedorismo se reflete até nos debates políticos das universidades e nas eleições de diretórios acadêmicos, antes monopolizados pela esquerda organizada nos partidos políticos. O pensamento liberal se espalha tanto, ali e na sociedade, depois de muitos anos de hegemonia da esquerda, que até a expressão neoliberal, usada pejorativamente, desapareceu.
Essa geração Z vem se misturar com os millenials ou geração Y(nascidos entre 1980 e 1994), ligados nas startups, em busca dos seus unicórnios(como se chamam as startups que atingem valor de mercado de um bilhão de dólares). Muitos também já profissionais liberais, executivos de empresas ou herdeiros de negócios familiares. Eles se organizam em entidades representativas, entre as quais Líderes do Amanhã, CDL Jovem, Cindes Jovem e Ibef Jovem, entre outros, e articulados na Fecaje(Federação Capixaba dos Jovens Empreendedores) organizam palestras relevantes e discutem gestão e economia. Outros movimentos nacionais de jovens começam a entrar fortemente na discussão política, dado o quadro de descalabro em que se encontra essa atividade.
Se você ainda acha que os jovens de hoje estão sem rumo e são menos ligados que os da sua geração, você também não sabe nada do que está acontecendo.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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