Investidores são escorregadios, como qualquer um de nós quando diante de uma oferta de investimento. Verificamos se quem faz a oferta de investimento é confiável, se tem histórico de cumprir o que promete, se respeita os contratos ou se já deu cano em alguém. Se houver algum tipo de risco, ou não investimos ou vamos pedir um retorno maior para compensar esse risco.
Essa introdução vem a respeito de recente decisão do Ministério dos Transportes de permitir a utilização do Aeroporto de Pampulha em Belo Horizonte para voos comerciais em jatos de grande porte. Para quem viaja é uma opção confortável, pela localização central de Pampulha, ao contrário da distância de Confins, mas isso muda tudo. A maior prejudicada é a concessionária do Aeroporto de Confins. Quando o aeroporto foi arrematado no leilão, em 2013, com base numa expectativa de demanda, ela pagou R$ 1,8 bilhão pelo direito de outorga, valor 66% acima do lance mínimo e investiu cerca de R$ 750 milhões na construção de um terminal.
É como mudar a regra do jogo no meio da partida. No longo prazo, a consequência mais grave será afugentar investidores para toda oferta de concessões. Investimento em infraestrutura requer estabilidade de regras e respeito aos contratos.
No governo Dilma se tentou licitar concessões de ferrovias oferecendo a possibilidade do governo adquirir toda a capacidade de carga por um prazo de 25 anos. Possíveis investidores se retraíram por desconfiar que futuros governos poderiam não honrar esse tipo de contrato e desfazer o negócio.
Quando Lula ou Ciro Gomes avisam que vão rever os contratos recém licitados para exploração do pré-sal, dão um tiro no próprio pé, pois sinalizam aos investidores que investimentos no Brasil não são seguros.
Ameaças de auditorias de dívida interna ou sandices como ditas por Bolsonaro de que chamaria os credores para negociar, acendem uma luz amarela na frente de investidores e compradores de títulos brasileiros, que se retraem ou aumentam as taxas de juros pedidas. São bravatas inconsequentes de irresponsáveis, ignorantes, oportunistas ou populistas.
Países que fizeram moratória de dívida pagam durante muitos anos um preço a mais nas taxas de juros de empréstimo pela desconfiança. As avaliações feitas por agências de risco reduzem a possibilidade de investment grade para países que manifestam qualquer pendor para calote e, com isso, afastam fundos que poderiam estar investindo nesses países.
Confiança, previsibilidade, respeito aos contratos e estabilidade de regras são fundamentais para qualquer país sério que pretenda atrair investimentos.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
Se você quiser ser notificado sobre novos textos clique no botão “Seguir”.
Você curtiu o texto? Então clique no botão Gostei, logo abaixo, ou deixe seu comentário. Fazendo isso, você ajuda essa história a ser encontrada por mais pessoas.
Leia também outras dezenas de artigos de minha autoria
Facebook: Evandro Milet
Twitter: @ebmilet
Email: evandro.milet@gmail.com