Convicção pela democracia

Os ecos da Revolução Russa de 1917 ainda repercutem, mesmo depois da extinção da União Soviética em 1991. A ilusão de igualdade, à custa da liberdade, influenciou países como China e Cuba, com reflexos no Brasil ainda hoje. Livros didáticos, apoiados no proselitismo de professores, afirmam que o capitalismo é o sistema que explora os trabalhadores e gera desconfiança com os trabalhadores-empreendedores, os empresários, que geram riquezas. Em vídeo na internet, Jacques Wagner, potencial candidato a presidente pelo PT, diz que “em Cuba eles fizeram uma revolução. Nós não, esse é o problema. Conquistamos o poder pelo voto e, por enquanto, temos que seguir a regra deles.”

A história dos regimes comunistas está repleta de assassinatos de adversários e dissidentes, como na Rússia de Stalin, brilhantemente retratada no livro “O Homem que amava os cachorros”, do cubano Leonardo Padura.  E também na China de Mao e a sua sanguinária Revolução Cultural. Ou Che Guevara na ONU em 1964: ”Fuzilamos sim e seguiremos fuzilando”. Nas palavras de Trotsky: “a revolução exige da classe destinada a realizá-la que utilize todos os meios para alcançar seus fins: mediante a insurreição armada, se for preciso; com o terrorismo, se for necessário.” Os erros na economia também mataram. A fome provocada pela coletivização da agricultura, tanto na Rússia como na China, matou milhões.

Essa facilidade de matar inimigos do regime aproxima a extrema direita e a extrema esquerda. Basta ver a manifestação dos entusiastas de golpe militar e partidários de Bolsonaro justificando o desaparecimento e execução de adversários durante a ditadura militar. Elas se parecem também na censura à imprensa, no gosto por ditaduras e no culto aos mitos e populistas.

O comunismo está em completa decadência. Deng Xiaoping proclamou que “enriquecer é glorioso” e liberou os empreendedores chineses, que transformaram o país e tiraram milhões da pobreza. Cuba liberou alguns empreendimentos privados, onde até os botequins eram estatais e, conhecida como a Disneylândia da esquerda, na realidade está mais próxima de um jardim zoológico. Lá as pessoas comem direitinho, tem saúde arrumadinha, fazem gracinha para os visitantes, mas não podem sair da jaula.  Os desgastados foice e martelo deveriam dar lugar a uma colheitadeira com GPS e a um braço robótico da indústria 4.0.

Os maiores legados da Revolução Russa foram: criar pressão para a humanização do capitalismo, fazer perceber o valor da liberdade e consolidar a convicção de que, apesar de tudo, a democracia ainda é a melhor forma de governo.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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