Um país civilizado

Em meio ao turbilhão político podemos enxergar sinais promissores. A economia está descolada da crise política e pela primeira vez em muitos anos podemos ter taxas de juros decentes e inflação de país civilizado. Outro sinal promissor é que as entranhas da corrupção estão sendo desvendadas como nunca antes na história do país. Certamente ela não acabará, mas nunca mais acontecerá com a desenvoltura dos últimos anos. Nunca se imaginou que pessoas poderosas, grandes empresários como Marcelo Odebrecht, políticos como Eduardo Cunha e Sérgio Cabral pudessem ficar presos. Marqueteiros, doleiros, tesoureiros, lobistas, ex-presidentes, entre outros participantes da rede estão sendo processados e presos, embora políticos com foro privilegiado tenham processos demorados.

Os que defendem intervenção militar deveriam se informar de que não houve na ditadura militar um processo fundamentado como a Lava-Jato. Apesar da justificativa de combate à corrupção e ao comunismo, mandatos foram cassados sem muita informação, atingindo líderes políticos até por perseguição e medo da popularidade, como aconteceu com JK e com Carlos Lacerda, um dos líderes civis do golpe. E sem prisão de corruptores.

A intervenção que seria temporária, se estendeu por 21 anos, com censura à imprensa, governadores como Maluf, histórias de corrupção não publicadas, invasões de universidades, perseguição a artistas e intelectuais, arbitrariedades, tortura e desaparecimento de pessoas.

Generais se sucederam, em um arremedo de democracia, com um Congresso fechado de vez em quando. A farsa ficaria desmoralizada na proibição de que o vice presidente Pedro Aleixo, civil, assumisse no lugar de Costa e Silva, acometido por um AVC em 1969. A economia vivia uma situação externa extremamente favorável, mas em seguida, o governo imprevidente e incompetente foi atropelado pelos choques do petróleo em 1973 e 1979 e entramos na década perdida de 1980. O fracasso econômico, com inflação de 200% ao ano, precipitou o fim de uma intervenção desmoralizada.

Durante a ditadura o Brasil era conhecido como república de bananas no exterior, o que deveria desmotivar novas intenções de intervenção, que nos colocariam na companhia deprimente de republiquetas africanas ou da Venezuela aos olhos do mundo. É lamentável que a corrupção institucionalizada pelos governos do PT leve parte da população sem memória a apoiar a aventura de uma intervenção militar.

Vamos continuar a limpa inédita pela justiça, votar bem em 2018 sem populistas ou salvadores da pátria e tomar o rumo de um país civilizado. Chega de aventuras.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

Se você quiser ser notificado sobre novos textos clique no botão “Seguir”.

Você curtiu o texto? Então clique no botão Gostei, logo abaixo, ou deixe seu comentário. Fazendo isso, você ajuda essa história a ser encontrada por mais pessoas.

Leia também outras dezenas de artigos de minha autoria

Facebook: Evandro Milet

Twitter: @ebmilet

Email: evandro.milet@gmail.com