Não há dúvida que o aumento do salário mínimo bem acima do valor atual é uma causa justa. Todavia, se esse aumento não for acompanhado de aumento da produtividade gera inflação, que vai atingir os mais pobres, desfazendo a vantagem. Por que? Se os salários aumentam, também aumentam os custos das empresas, que serão repassados para os consumidores, gerando inflação e prejudicando a competitividade. Mas se as empresas conseguirem aumentar sua produtividade, produzindo mais com as mesmas ou outras pessoas e os mesmos recursos, poderão vender mais produtos e compensar o aumento dos custos, mantendo os preços e preservando o lucro que irá garantir novos investimentos e empregos.
Nos últimos anos a política de aumento real de salário mínimo se deu sem aumento de produtividade. E como aumentar a produtividade? Com mais educação é uma das maneiras. Os trabalhadores entendem melhor os procedimentos, contribuem para as melhorias e evitam erros. O resultado recente do exame internacional Pisa mostrou que isso não aconteceu. Outra maneira seria melhorar a infraestrutura, para reduzir custos de logística. Também não aconteceu, com o preconceito contra privatizações, as decisões de limitar taxas de retorno nas concessões e grande incompetência. Outra maneira é reduzir impostos e tarifas de importação. Nada, reduziram impostos para alguns, no desespero para recuperar a economia e aumentaram tarifas para proteger outros. Pode ser inovando em produtos ou processos com novas tecnologias. O custo de capital e a falta de exposição à competição internacional não incentivam essas mudanças.
Finalmente pode-se reduzir a burocracia e os custos com mudanças frequentes de regras, passivo trabalhista imprevisível, custo imenso para cumprir obrigações fiscais, processos confusos de licenças ambientais, fiscais de vigilância sanitária com regras individuais e outros horrores, incluindo corrupção. O ambiente de negócios ruim afeta profundamente a produtividade e a competitividade das empresas. Por isso são tão necessárias as reformas trabalhista, tributária e ideológica(deveria existir), entre outras.
Aumentos de salário sem aumento da produtividade desorganizam a economia e retornam como inflação para prejudicar os mais pobres. Fora o problema causado nos reajustes de aposentadorias e pensões.
A conclusão é que não se pode fazer política social, distribuindo benesses mais que justas, sem atentar para a produtividade e a competitividade das empresas, verdadeiro motor de crescimento do país com geração de empregos e impostos necessários para distribuir a renda..
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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