Educação século XXl

Alguém já disse que o Brasil tem escolas do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. Também já foi dito que, se alguém dormisse numa sala de aula cem anos atrás e acordasse hoje não notaria muita diferença.

O Brasil tem 236 milhões de celulares para 202 milhões de habitantes. Em 2015, mais de 50% serão smartphones capazes de se comunicar e acessar dados, redes sociais, vídeos e jogos; e esse percentual certamente só crescerá.

Os computadores entraram na administração das escolas, depois no laboratório de informática e seguindo para um tablet com o professor. Não há dúvida que chegaremos a um tablet com internet 4G por aluno dentro da sala de aula. Mas o que rodará nele? Como será a nova didática? Como será o ensino com acesso instantâneo a mecanismos de busca, a cálculos de toda natureza, a jogos e vídeos educativos? Livros em e-readers podem deixar de ser lineares e se transformar em hipertextos ou multimídias com possibilidades quase infinitas.

Os Moocs(cursos online abertos em massa, na tradução do inglês) lançados pelas grandes universidades americanas como MIT, Harvard e Stanford e as vídeo-aulas da Khan Academy (traduzidas para o português pela Fundação de Jorge Paulo Lemann) mostram um pequeno sinal do que poderá ocorrer.

No seu instigante livro “Um mundo, uma escola”, Salman Khan vai muito além do uso adequado da tecnologia e discute métodos, dever de casa, currículos, tempo de aula, provas e notas com base inclusive nas últimas descobertas da neurociência de como se dá o aprendizado.

Embora o ES 2030 trace um excelente conjunto de metas para corrigir o passado da educação, não tenta vislumbrar o seu futuro tecnológico.

Tecnologia na sala de aula ainda não é um grande problema a ser resolvido. Há outros muito mais urgentes: pré-escola, tempo integral, evasão, distorção idade-série, currículo, violência, valorização e preparo do profissional da educação, envolvimento dos pais, escolha de diretores, sindicatos retrógrados e rejeição da meritocracia.

Tecnologia, entretanto, será uma grande questão bem antes de 2030, para onde mira o planejamento. Basta imaginar o que serão os ambientes e as ferramentas nos locais onde irão trabalhar os jovens hoje na escola.

A criação de um laboratório de técnicas digitais de ensino e de novas formas de gestão, em parceria com as universidades, nos cursos de licenciatura e nas áreas tecnológicas, poderia ser um caminho. Vamos ser ousados e trazer o que de melhor existir nas muitas experiências que estão acontecendo pelo mundo. O futuro não pode atrasar mais do que já está atrasado.

Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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