Dívida não é ideológica

Alguns criticam equilíbrio fiscal como se fosse de interesse de banqueiros e contra os pobres. Será que é difícil entender que gastar mais do que se arrecada faz aumentar a dívida? E se aumentar a dívida vai ter que aumentar juros para que os tomadores aceitem o risco? E que por isso  juros não se baixam na marra como Dilma fez, senão ninguém compraria os títulos de dívida e o governo teria de emitir dinheiro e gerar inflação ou aumentar impostos? E que grandes compradores de títulos não são os banqueiros, mas todos que investem em fundos de renda fixa, pensão, previdência e tesouro direto? E que esses, chamados pejorativamente de rentistas, somos nós, inclusive muitos críticos(o Lula e seus 9 milhões, por exemplo), que conseguem investir e construir uma poupança? E que se não baixar a dívida com superávit primário, isto é, gastar menos do que arrecada, vamos ter que pagar mais juros e não vai sobrar dinheiro para investimento em saúde e educação? E que juros altos desmotivam investidores a montar ou ampliar negócios e incentivam a deixar o dinheiro rendendo no banco? E que desse modo não se geram empregos? E que juros altos e dívida alta sinalizam risco de calote para investidores, aumentam o risco Brasil e retardam a volta do grau de investimento? E que sem grau de investimento muitos fundos internacionais não podem investir no Brasil? E que existem bilhões de dólares desses fundos no exterior, aplicados a juros mínimos, prontos para investir em países onde possam ter melhor remuneração, e poderia ser aquil? E que não se pode comparar a dívida do Brasil, hoje em torno de 70% do PIB, com a dívida de outros países, alguns com percentuais maiores, porque lá os juros são próximos de zero e aqui eles aumentam em torno de 10% ao ano? E que se não reduzirmos essa dívida o país pode se transformar numa Grécia ou, mais pertinho, num Rio de Janeiro? E que foi preciso uma emenda constitucional, remédio radical, para evitar o aumento de gasto por 20 anos, para evitar o costume de enfiar novos gastos no orçamento? E que é fundamental aprovar a reforma da previdência, que consome 13% do PIB, senão não se consegue controlar a dívida?

Muitas pessoas e até instituições sérias, com boas intenções, cometem o engano de questionar o equilíbrio fiscal e criticar os governantes que o praticam. Sem equilíbrio fiscal, no país e nos estados, não haverá recursos para investimento público na infraestrutura, na saúde, na educação, na segurança e nas ações sociais. Não haverá crescimento e nem geração de empregos. Não dá mais para desconhecer o básico de economia.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

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