Temos uma esquerda que quer distribuir, mas tem restrições à iniciativa privada que gera a riqueza e uma direita que sabe como gerar, mas não acha que tem de distribuir, porque a mão invisível resolve isso. A consequência disso para a esquerda está na frase de Margareth Thatcher: “O socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”. Para a direita, a consequência é perder eleições, onde a esquerda promete resolver todos os problemas do povo.
A esquerda precisa se modernizar, passando a aceitar que o socialismo, na vertente que prega o fim da propriedade privada e que o lucro do empresário é a apropriação da mais valia do trabalhador, é inviável.
A direita deve incorporar a atuação direta para atenuar a pobreza e permitir uma igualdade de oportunidades em uma base razoável. Afinal, quem inventou essa história de renda mínima foi o insuspeito Milton Friedman.
Quem faz sucesso pregando um ativismo de centro é o recém eleito Presidente da França Emnanuel Macron. Liberal na economia, ele prega que as grandes forças moldando o futuro – tecnologia, a economia de bicos(gig ou freelance) e o meio ambiente – não cabem mais nas divisões ideológicas de esquerda e direita. Mas acredita em um papel forte do governo, principalmente em educação e investimento, embora pretenda cortar gastos, inclusive 120.000 funcionários públicos.
Macron abraça com entusiasmo bandeiras bastante identificadas com a esquerda, como proteção de vulneráveis, casamento gay, direito ao aborto e descriminalização das drogas.
Prometeu investir 10 bilhões de euros em inovação e transformar a França em uma nação startup, onde a revolução digital é estratégica. Vai atacar todas as burocracias que atrapalham os novos negócios e complicam o acesso ao crédito. Quer reformas trabalhista e previdenciária e insiste no equilíbrio fiscal. Quer projetos ousados e inovadores, além de redução de impostos das empresas de 33% para a média na União Europeia, 25%.
Enquanto a reforma no Brasil procura privilegiar o negociado com os sindicatos sobre o legislado, Macron quer que o negociado pelas empresas prevaleça sobre o acordado com as poderosas organizações sindicais. Além de permitir maior flexibilidade às empresas, o objetivo é reduzir o custo da mão de obra, inclusive com um teto nas multas para demissões sem justa causa.
Com esse programa, explicitado na campanha, sem enganação, em 14 meses de vida seu movimento transformado em partido, République En Marche, conquistou 308 cadeiras(metade mulheres), mais da metade das 577 do parlamento(425 neófitos), trucidando a esquerda e encolhendo a direita.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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