Alguns traços identificam o populismo. Primeiro, a divisão da sociedade entre “povo” e elite, nós contra eles. O líder populista se diz o porta-voz dos despossuídos. Segundo, é o uso de discursos superficiais de grande aceitação popular. Não diz o que tem de ser dito, mas o que o povo quer ouvir e promete o que não pode cumprir. Ao contrário do estadista, não toma medidas estratégicas necessárias de longo prazo se forem impopulares. O populista gosta de se relacionar diretamente com as massas e menospreza o valor das instituições, inclusive os partidos políticos, flertando com o autoritarismo. Ele é messiânico, acha que é o único capaz de resolver os problemas e diz: “ Nunca antes neste país.”, usa exageros, falácias e analogias de fácil aceitação. Segundo Ricardo Amorim: “Um bom teste para reconhecer um populista é verificar se surgiu algum movimento batizado em sua homenagem. Do Getulismo ao Peronismo, passando pelo Kirchnerismo, o Chavismo ou o Lulismo e, mais recentemente, com o Trumpismo.” Populistas não ligam para ideologias e as usam conforme o interesse. Anos depois a conta chega.
Existem populistas à direita como Trump e Bolsonaro e à esquerda como Chavez e Lula. Este aliás, nunca teve ideologia, até porque se vangloriava de não ler nada. Bolsonaro aproveita a irritação com o problema da segurança e a reação aos avanços sociais. Trump usa a xenofobia com muçulmanos e imigrantes e o nacionalismo que lhe deu os votos dos desempregados do meio oeste. O nacionalismo também é usado na Venezuela para esconder problemas econômicos, destruir a riqueza do petróleo e quebrar o país.
O nacionalismo, que implica no fechamento de mercados, é reação à globalização, como se ela fosse responsável por problemas que são consequência de erros políticos internos de cada país. A globalização é uma força incontrolável pela mudança do mundo analógico para o digital, com sua velocidade e capacidade de se espraiar por todos os lugares. A competição internacional decorrente provoca uma pressão no Brasil pelo aumento de produtividade e competitividade das empresas, importante para reduzir preços e ampliar ofertas para a população. Pressiona, por isso, para se criar ambiente de negócios saudável com estabilidade macroeconômica, reformas tributária e trabalhista, redução de burocracia, abertura comercial, aprimoramento de PPPs, entre outras medidas. Pressiona também pelo aumento da produtividade do país com educação, saúde, segurança, infraestrutura e inovação. As ações necessárias são impopulares e de longo prazo, palavrões para governos populistas.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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