O Brasil tem mais de um milhão de pontos comerciais que precisam ser abastecidos com produtos para atender a população. Para fazer isso de forma eficiente a indústria precisa de um setor especializado em logística para armazenar esses produtos e levá-los até esses pontos. Como é um serviço com lógica e dinâmicas próprias, não faz sentido a indústria prestar esse serviço, a não ser eventualmente para grandes clientes. Essa é a função de atacadistas e distribuidores e basta listar os setores envolvidos para ter ideia do tamanho do negócio: autopeças, tecidos, vestuário, alimentos, bebidas, material de construção, medicamentos, material elétrico, jóias e relógios, aparelhos óticos, fotográficos e cinematográficos, bijuterias, papel e papelão, produtos químicos para indústria e agricultura, sucata, carvão, café, algodão, louças, tintas e ferragens, artigos sanitários, vidros planos, cristais e espelhos e muitos outros.
O Espírito Santo conseguiu organizar um polo de distribuição, principalmente pela localização estratégica do Estado, que num raio de 1000 quilômetros atinge os grandes centros consumidores. Mas, só isso não atrairia a instalação de grandes distribuidores, se não houvesse os incentivos que o Estado proporciona e que exigem uma contrapartida em aumento de eficiência, manutenção de empregos, treinamento e crescimento de arrecadação de ICMS. As metas foram superadas com folga, mais de 600 empresas do setor participam, porém com uma característica bem volátil e umas 400 iriam embora se as condições mudasssem. Levariam parte dos 30.000 empregos diretos e indiretos gerados e fariam muitos condomínios industriais virarem ambientes fantasmas. Basta um grande galpão alugado, sem grandes máquinas – como indústrias necessitam – e que torna uma mudança de localização bastante barata.
Nesse caso é óbvio que é melhor o governo arrecadar alguma coisa do que nada , se as empresas forem embora ou se elas não vierem porque outros estados deram incentivos. Embora o faturamento seja alto, as margens são pequenas, porque não há transformação industrial; é comprar ali, vender e entregar acolá. Dessa forma, o setor fica bastante sensível a qualquer mudança na estrutura de custos.
Quando se levanta a discussão sobre incentivos, fica uma ideia no ar, que setores e empresários estariam se locupletando, em detrimento do pagamento de impostos. Isso é miopia, basta ver a consequência da extinção do Fundap, que provocou a fuga de mais de 70 empresas do Estado.
O setor pode ainda crescer muito com o avanço do comércio eletrônico – desde que não atrapalhem.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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