Em Brasília, há alguns anos, correu pela cidade a história de um menino que teria nascido tão feio, mas tão feio, que o médico, ao ver a criança teria exclamado: “Deus me livre, que criança horrível!”. No que o recém-nascido imediatamente retrucara: “Horrível vai ser a chuva do dia 10”. Naqueles tempos pré-internet a história se espalhou rapidamente pela cidade. No dia 10 seguinte ninguém saiu de casa. Mas, felizmente, a tal chuva não caiu.
Lendas urbanas são pequenas histórias de caráter sensacionalista, amplamente divulgadas de forma oral, pelas redes sociais ou pela imprensa.
Nos Estados Unidos, em outubro de 1938, a rádio CBS interrompeu sua programação musical para noticiar uma suposta invasão de marcianos. A “notícia em edição extraordinária”, na verdade, era o começo de uma peça de radioteatro, dramatizando o livro de ficção científica A Guerra dos Mundos, do escritor inglês Herbert George Wells adaptada, produzida e dirigida pelo jovem e quase desconhecido ator e diretor Orson Welles. A transmissão foi ouvida por pelo menos 6 milhões de pessoas, durou apenas uma hora, mas pelo menos 500.000 pessoas entupiram as linhas telefônicas ou saíram às ruas em pânico em várias cidades.
Em meados da década de 90 surge no Brasil o chupa-cabras. A lenda tratava sobre um animal sinistro que matava cabras a dentadas no pescoço. O mais macabro era a completa ausência de sangue nos corpos. Pelo menos era essa a história que se contava. Até hoje não está claro o que era aquilo.
Em 13/01/1996 três meninas avistaram uma figura de cabeça grande, olhos vermelhos, no que seria conhecido como o ET de Varginha. A aparição se deu alguns dias após um casal ter avistado um objeto não identificado, tratado logo como disco voador. A história ganhou ares de conspiração com relatos de ações misteriosas do exército, supostamente para esconder as evidências. Com isso, Varginha ganhou um fluxo de turistas, ufólogos ou curiosos, e no carnaval, jornalistas criaram o bloco “Os abduzidos”, e provavelmente só reaparecem na quarta-feira.
Algumas lendas são políticas. Histórias contadas em detalhes, por médicos amigos, testemunhas oculares de doença grave em uma personalidade política, atendido secretamente em um hospital. Pode até ter um fundo de verdade, mas nunca se comprovam na dimensão da lenda.
Em tempos de redes sociais as lendas urbanas ganharam extrema velocidade de transmissão. Haja imaginação. Ou não? Na semana passada nasceu outra criança horrível em Brasília. Ela teria falado: “Horrível vai ser a delação da Odebrecht e a lista do Janot”. Salve-se quem puder!
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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