Em 1981, os Estados Unidos enfrentaram uma greve de controladores de vôo por melhores salários. O então presidente Reagan declarou a paralisação ilegal, por representar ameaça à segurança nacional. Deu um prazo de 48 horas para retorno ao trabalho. O governo já havia se preparado e as 48 horas serviram para substituir os controladores por outros treinados secretamente. Vencido o prazo e sem acordo, Reagan demitiu 11.359 grevistas e proibiu sua readmissão no serviço público. A greve representou a maior derrota sindical dos EUA em 60 anos.
Em 1984, Margareth Thatcher enfrentou uma longa e prevista greve dos mineiros, contra o fechamento de minas ineficientes e privatização das demais. Com antecedência, formou grandes estoques de carvão para evitar a falta de energia. Venceu, enfraqueceu os sindicatos que mandavam na política e mudou a Inglaterra para sempre rumo ao empreendedorismo. “A missão de um político não é agradar a todo mundo”, dizia.
Nos dois casos, independentemente da postura ideológica, uma estratégia comum de sucesso: informação, antecipação e firmeza no enfrentamento.
Segundo o filósofo espanhol Danel Inneraty: “Muitos políticos sabem o que deve ser feito, mas não sabem como se reeleger caso façam.” Estadistas não temem enfrentar corporações. Mesmo que depois devam atender eventuais reivindicações justas.
Em ambiente militar greves são inconstitucionais. Aqui no Espírito Santo houve de fato um motim, mascarado toscamente por familiares de policiais. Pós-verdades e fatos alternativos querem distorcer a realidade. Como ficará a autoridade da PM quando tiver de atuar em piquetes de outras categorias em greve? E se colocarem as famílias como embuste?
Alguns colocaram a culpa no governo. Como dizia o antigo político mineiro Milton Campos: “Criticar o governo é tão gostoso que não deveria ser monopólio da oposição.” Outros mergulharam, respirando de canudinho, mas não escaparão da praga de Dante Aleghieri: “No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise.” Alguns se arvoraram como interlocutores, mas o economista americano Thomas Sowell tem razão: “É difícil imaginar uma forma mais estúpida e perigosa de tomar decisões que deixá-las na mão de pessoas que não pagam preço algum por estar erradas”.
Executivos experientes sabem que decisões não são simples, muitas vezes não se pode deixar o cabrito morrer, nem a onça passar fome. Foi o caso dessa crise, não se podia aceitar a chantagem nem deixar a população a mercê de bandidos. Em casos críticos é imprescindível fazer a opção correta, com os devidos cuidados.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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