Elio Gaspari, em sua coluna de 15/2 em O Globo(reproduzido em A Gazeta no Espírito Santo), escreveu que a responsabilidade fiscal do “caminho capixaba” provoca uma irresponsabilidade social, colocando a culpa das consequências do motim da PM no governo estadual. Ora, o maior problema no Estado, e em todo o país, é a quantidade de desempregados, 12 milhões no país e mais de 250.000 no Espírito Santo. Para comparação, os funcionários públicos estaduais são 96.000, entre efetivos, comissionados, temporários, aposentados e pensionistas.
Desempregados não fazem greve e nem mandam os familiares para a porta do trabalho. Não tem estabilidade ou aposentadoria integral. Nem salário defasado ou reposição de inflação. Não têm voz nem sindicato e não fazem parte da sociedade civil organizada. Mas são cidadãos, têm direitos e precisam de quem defenda seus interesses. Certamente o maior deles, um emprego. E como gerar empregos? Ambiente de negócios favorável, articulação política para trazer investimentos federais, investimentos públicos em infraestrutura com recursos locais e incentivos para atrair e fixar novas empresas.
Equilíbrio fiscal é fundamental para que recursos de arrecadação possam ir para o investimento e não para pagar dívidas. Gastar mais do que arrecada, como em qualquer família, gera dívida e, no caso de governo, acaba em aumento de impostos ou descontos e atrasos nos salários de funcionários públicos, como ocorre no Rio.
Vender estatais para dar aumento de salários, como sugeriu Pezão, é ciúme. O Rio tem que vender para abater dívida imensa e cara. Venda de estatal, no caso do ES, só se justificaria para fazer investimento e gerar emprego.
Além da recessão federal, tivemos nossas próprias crises involuntárias: Fundap, redução de royalties, Samarco e seca. Só muita ginástica e mão de ferro nas despesas para manter o equilíbrio fiscal.
Para a responsabilidade social mais alta de devolver a dignidade para 250.000 desempregados e suas famílias e a obrigação de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, cujo descumprimento derrubou a Presidente da República, é inevitável endurecer com o motim da PM que colocou a população e o comércio a mercê de bandidos. Caso tivesse sucesso, o movimento geraria demandas em cascata de outras categorias locais e das forças policiais de todo o país, em uma crise monumental, atendendo corporações, mas prejudicando a volta dos empregos. Isso sim seria irresponsabilidade social. Só o crescimento econômico vai dar flexibilidade para discutir salários. Dar palpite é fácil, mas como Gaspari conclui em seu artigo: “administrar uma sociedade é bem outra coisa”.
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Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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