Em uma visita à Escola Viva de São Pedro, nosso cicerone, o desinibido aluno Gabriel(ou Pingo), que não é Gabigol nem Jesus, mas também bate um bolão, conta que escolheu arquitetura como seu projeto de vida, conceito parte da pedagogia inovadora dessa ótima iniciativa, em seu primeiro ano. Morando em Cariacica e acordando às 4 da manhã para chegar na escola, Pingo não entendia para que uma escola de tempo integral, mas hoje não quer outra coisa. A Escola é apresentada entusiasticamente pelos próprios alunos e busca formá-los, no ensino médio, como pessoas competentes, mas também solidárias e autônomas. As avaliações são permanentes e orientam alterações no ensino.
A ideia veio, com apoio empresarial, da experiência exitosa em Pernambuco e já está implantada em 5 escolas do Estado com previsão de outras 10 em 2017.
A taxa de evasão do ensino médio público é alarmante. De cada 100 alunos que entram apenas 50 concluem, por não se animarem com a escola, por não conseguirem acompanhar ou pressionados pelas famílias para conseguir emprego. A meta na Escola Viva é evasão de 3%. Essa é uma argumentação irrefutável para contestar as críticas, justificando um custo mais alto, com um modelo de educação que prepara o aluno nas matérias básicas, mas também para ser protagonista da sua vida.
O tempo integral permite a oferta de cursos eletivos, de temática variada como “Nas ondas das partículas elementares”, direito, cinema ou YouTube. Os alunos também se organizam em clubes, presididos por eles mesmos, com a orientação de um professor, para tratar de temas de livre escolha como box ou teatro. As turmas elegem líderes que os representam, propõem temas de seu interesse e ajudam a resolver problemas crônicos como depredação e violência em sala de aula. A Escola Viva no Planalto Serrano, bairro com altos índices de violência, tem conseguido sucesso nesse ponto.
Os professores são de tempo integral, com salário compatível, podendo atender os alunos sem o stress de correr de uma escola para outra, são treinados em práticas experimentais e têm tempo para acompanhar cada um no seu projeto de vida. O programa se completa com o Dream Shaper(Modelador de sonhos), plataforma digital de ensino de empreendedorismo, que já está em 10 escolas e atendeu mais de 1000 alunos no ES.
Fora o empreendedorismo, que infelizmente não era valorizado na época, o modelo lembra muito, com avanços, o adotado em Brasília, nas escolas públicas onde estudei, por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, lamentavelmente interrompido pela ditadura obscurantista. Esperamos que se espalhe rápido.
Sobre o autor:
Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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