Com a economia compartilhada é melhor usar do que ter

Imagine o dia em que as pessoas não precisassem mais possuir as coisas, mas que pudessem usá-las quando precisassem, ofertadas por empresas do mercado ou por outras pessoas. Não precisaríamos possuir automóveis, apenas os usaríamos quando precisássemos, com um serviço prático, rápido e acessível. Talvez não fossem mais necessários estacionamentos nas vias, liberando-as para ciclovias e para um transporte coletivo mais rápido ou mesmo para um serviço de transporte individual. Não seriam necessárias tantas vagas de garagem nos edifícios, barateando o valor dos imóveis. Pensando bem, um automóvel próprio tem um custo altíssimo quando computamos a desvalorização, combustível, estacionamento, seguro, manutenção e as inevitáveis multas com radares e lei-seca. De alguma forma, para outros bens já não precisamos da posse física como acontece com os discos, filmes e livros ofertados na nuvem. Também para o transporte muitos serviços já são oferecidos na direção do que foi comentado. O Zipcar compartilha carros particulares pouco utilizados, através de uma plataforma que oferece carros particulares localizados por GPS, estacionados o mais próximo possível do demandante. Prefeituras oferecem compartilhamento de bicicletas e carros elétricos e os conhecidos Uber e Airbnb oferecem transporte e acomodação, assim como outros serviços permitem compartilhar roupas, malas de viagem, ferramentas ou objetos não utilizados que entopem os armários. No limite, essa troca permite uma maior utilização de bens e um menor descarte, com benefícios para o meio ambiente. Não são novidades o mercado de pulgas ou as feirinhas de objetos usados em praças no final de semana. Novidade é a amplitude desse sistema de trocas, onde o que é excedente para uns pode ser disponibilizado para o mundo, como de certa forma já fazem o e-bay ou o Mercado livre.

Esse é a chamada economia compartilhada(alguns preferem economia de acesso), que exige três coisas fundamentais: capacidade excedente, uma plataforma de participação e pessoas interessadas. Esse modelo permite o surgimento de outra expressão: Gig Economy(em inglês) ou Economia de bico, onde pessoas podem ter seu trabalho principal e fazer um bico como motorista de Uber ou prestar serviço part-time, intermediado por uma plataforma na internet, como o serviço Mechanical Turk da Amazon ou aqueles que oferecem oportunidades para programadores ou designers de marcas.  

Esse é um mundo novo, turbinado pela Economia de aplicativos(API Economy), com novos modelos de negócio e novas oportunidades para trabalho e para empreendedores.

Evandro Milet

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente. 

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