Desde que Jane Jacobs defendeu um novo conceito de cidades em seu livro seminal “Morte e Vida de Grandes Cidades” (1961) o debate sobre a vida nas cidades se sofisticou. Ela defendeu a ideia de cidades integradas, densas e vivas contra a tendência de alguns urbanistas da época de segregar funções como suposta visão modernista. A principal lição pregada por Jacobs é a necessidade da diversidade urbana: funções que gerem presença de pessoas em horários diferentes e em alta concentração, valorização de esquinas e percursos, edifícios variados e de diferentes idades e menos viadutos e obras monumentais.
Hoje se questiona se o modelo americano de moradias bucólicas em subúrbios é ambientalmente sustentável pela exigência do uso dos automóveis tal como Brasília em seu modelo de segregação de funções. Cidades adensadas gastam menos energia, as pessoas andam mais a pé, há densidade para justificar metrôs e ratear por muitos os custos da infraestrutura e há mais opções culturais. Aliás, porque artistas e intelectuais vivem preferencialmente nas grandes cidades?
Cidades criativas, sustentáveis e inteligentes representam a visão moderna da vida urbana.
Previsões da indústria de telecomunicações afirmaram que o volume de dados móveis no mundo seria multiplicado por 10 entre 2011 e 2016. Em outras palavras isso acontecerá no final do mandato dos prefeitos que foram eleitos em 2012. Esta é apenas uma das características que marcam uma transformação radical no relacionamento entre cidadãos e governantes.
Governos devem fazer planejamento não como projeção do passado mas se preparando para mudanças radicais e muitas vezes imprevisíveis.
Como aproveitar o fato de que a maioria dos cidadãos terá um smartphone podendo falar, reclamar, fiscalizar, postar nas redes sociais, propagar idéias em alta velocidade e com alcance enorme? Não será mais possível esconder nada , tudo estará visível e escancarado para o público. Esse é o conceito de “dados abertos”(open data) , evolução do e-gov, onde governos disponibilizam seus dados permitindo não apenas o acesso pelos cidadãos mas também a possibilidade de desenvolvimento privado de aplicativos(apps) em educação, saúde, mobilidade e segurança , tirando do governo esse monopólio.
Cidades inteligentes exigem uma nova infraestrutura digital, à semelhança das redes de água, luz, telefones e saneamento. Exigem também a disponibilidade de serviços digitais, mas exigem, antes de tudo, governantes que entendam esse novo mundo e que saibam administrar a cidade para esse futuro.
Evandro Milet
Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente.
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