A esperança vence o ódio

 

A Carta de Princípios do Partido dos Trabalhadores foi lançada no dia 1º de maio de 1979. Nela pode-se ler: “Numa sociedade como a nossa, baseada na exploração e na desigualdade entre as classes, os explorados e oprimidos têm permanente necessidade de se manter organizados à parte, para que lhes seja possível oferecer resistência séria à desenfreada sede de opressão e de privilégios das classes dominantes.”

“[O PT] buscará apoderar-se do poder político e implantar o governo dos trabalhadores, baseado nos órgãos de representação criados pelas próprias massas trabalhadoras com vista a uma primordial democracia direta.” E ainda: “[…]o PT recusa-se a aceitar em seu interior, representantes das classes exploradoras. Vale dizer, o Partido dos Trabalhadores é um partido sem patrões! “. Por fim: “O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo.”

Essa prática isolacionista, insufladora de uma luta de classes que prega a divisão da sociedade, está na raiz de um partido que, chegando ao poder em 2002, tratou de desqualificar tudo que havia sido feito antes. À arrogância do “nunca antes na história desse país” juntou-se a amoralidade da compra de congressistas com mesadas, o assalto ao dinheiro público e o insuflamento de movimentos “sociais” patrocinados com dinheiro dos contribuintes.

A arrogância se manifesta em outras ocasiões,  como no evento de comemoração da eleição de Dilma em 2014, quando a educação manda o eleito agradecer o telefonema do adversário derrotado e a prudência política recomenda um discurso de conciliação com a metade da população que optara pelo outro candidato. Ao contrário, o que se ouviu foram gritos de guerra e urros de ódio ao inimigo derrotado. É o mesmo ódio que permite a um dirigente de movimento “social” fazer discurso criminoso, ameaçando invadir propriedades, dentro do Palácio do Planalto, sob as vistas da própria presidente!

Esse é o ambiente de negócios que transparece nas ações de governo. Um atávico desprezo pela iniciativa privada, tolerada apenas para ser achacada em benefício próprio e demonizada pelos tais movimentos “sociais”. Uma paranoia contra os mercados como se ainda vivêssemos em meados do século passado e uma incompetência absoluta para resolver problemas de infraestrutura, administrar a economia e conciliar a nação.

O impeachment não é a solução de tudo, mas sinaliza a mudança de clima e traz a esperança de reverter os desastres do desemprego e da recessão e voltar a crescer. Vamos torcer.

 

Evandro Milet

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente. 

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