De volta para o passado

 

 

Em novembro de 1989, Marty McFly e Doc Brown chegaram ao futuro no segundo filme da trilogia De Volta para o Futuro. O futuro, naquela época, era o dia 21 de outubro de 2015.

Hoje nós vivemos uma volta ao passado. A inflação voltou, a taxa de juros subiu novamente, o desemprego aumenta a cada dia, o dólar voltou aos quatro reais e a “nova classe média” volta ao estado anterior. A ação da Petrobras bate em cinco reais, disputando com os picolés, dinossauros esclerosados ainda acham que petróleo é ativo estratégico e populismos da década de 50 vagam por aí. Tem até gente discutindo concurso de Miss Universo.

Até os Brics acabaram, como decretou o jornal Financial Times, graças ao Brasil e à mafiosa Rússia, onde, no triste fim de um regime que prometia a criação de um novo homem,  os velhos homens da KGB dividiram o espólio e o Presidente se diverte envenenando os inimigos, como nos livros e filmes da guerra fria do passado.

Enfim, temos um governo padrão FIFA como os Black Bloks queriam. Toda semana os brasileiros são surpreendidos por nova etapa da operação Lava-jato ou da Zelotes, novos casos de corrupção, novas prisões, novas delações premiadas, novas reduções das metas de superávit primário e novas manifestações sem nexo da Presidente. Temos nova figura lamentável no cargo, em outra volta ao passado, ao General Costa e Silva, sujeito de inúmeras piadas depreciativas, ao General Figueiredo(“prefiro cheiro de cavalo ao cheiro de povo”) e ao folclórico Jânio Quadros(“fi-lo porque qui-lo”). Quem discordar pode apostar se ela será convidada para palestras quando sair do Governo.

Lula diz que a elite não se conforma com o aumento do poder aquisitivo do povo. Ridículo. Seria o caso de achar que a elite estaria satisfeita, agora que o poder aquisitivo do povo está diminuindo com a inflação. Lula assim lembra Homer Simpson, com quem se assemelha em muitas atitudes: “A culpa é minha e boto em quem eu quiser”. Aliás, vários companheiros já sentiram o gosto de serem abandonados pelo caminho, confirmando Nelson Rodrigues: “O brasileiro quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte”. E Nelson novamente, “Tem situações em que até os idiotas perdem a modéstia”, como ao dizer que não há alma viva mais honesta que ele.

Vamos de marcha-a-ré. As ré-formas não acontecem, o governo sobrevive de ré-tórica, somos ré-baixados pelas agências e entramos em ré-cessão. Vade retro. Como disse Stanislaw Ponte Preta em outra época: “O Brasil está andando tanto pra trás que quem não pegar a última caravela de Cabral de volta, vai acabar virando índio.”

Consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente aos domingos

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