Nos últimos dias do ex-Presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, o governo mostrou o poder da tecnologia para intimidar a oposição. Quando manifestantes se reuniram na ruas de Kiev, o governo detectou a localização de todos os telefones celulares nas proximidades dos confrontos entre policiais e manifestantes. Os celulares(e seus proprietários) foram identificados em tempo real e receberam talvez a mensagem de texto mais orwelliana já enviada por um governo: “Caro assinante, você foi identificado como um participante de um distúrbio em massa”. Palavras impactantes já que tais participações tinham sido tornadas ilegais e sujeitas a prisão.
Em 2005, a ONU descobriu que o Irã estava descumprindo o Tratado de Não Proliferação Nuclear que havia assinado e exigiu que suspendesse essas atividades, o que o governo iraniano rejeitou. Um ataque militar foi descartado, mas um ciberataque foi montado para sabotar as 5.000 centrífugas que enriqueciam urânio. Os iranianos foram precavidos para não conectar o sistema na internet e a solução foi introduzir um simples pendrive nas instalações nucleares, com um vírus sofisticado que, a partir de um único computador se espalhou por toda a rede. Ele alterava a velocidade das centrífugas para mais ou para menos, inviabilizando a produção correta, enquanto mantinha nos terminais de controle do processo uma aparência de normalidade. Tom Cruise não faria melhor.
No filme de 1997 O Amanhã nunca morre, James Bond investiga um ciberataque no sistema de navegação por GPS de uma fragata britânica que é adulterado por um gênio do mal para alterar a rota do navio. A fragata entra em mar territorial chinês e pode ser afundada pela Marinha chinesa, porém para os britânicos a fragata estaria em águas internacionais e portanto, os chineses cometeriam um ato de guerra. As ações do vilão encaminham a situação para uma guerra mundial. Hollywood mais uma vez consegue antecipar a visão de um futuro possível.
Estas ações, de ficção factível ou realidade, são uma pequena amostra do risco que pessoas e países estão sujeitos em um mundo cada vez mais digital e conectado. O reconhecimento facial que os chineses disseminaram pelas ruas e a sofisticação crescente dos ciberataques ampliam as preocupantes histórias do instigante livro Future Crimes de Marc Goodman.
Sobre o autor: Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.
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